Diário da Faculdade | Sobre o 1º Congresso Internacional de Literatura e Cinema da FFLCH/USP

Oies Bookaholics!

Durante os dias 17 a 19 de Outubro aconteceu o 1º Congresso Internacional de Literatura e Cinema da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, organizado pelo Professor Dr. Jaime Ginzburg 🙂

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Foram três dias incríveis de muito aprendizado e troca de conhecimento, tendo a oportunidade de interagir com professores da Alemanha, Itália e Estados Unidos. O evento foi incrível, porque além de participar de todas as mesas, também fiz parte da Comissão Executiva, já que o evento foi organizado, sob a coordenação do Prof. Jaime,  pelo Grupo de Pesquisa de Literatura e Cinema no Brasil Contemporâneo,  que faço parte desde o ano passado. 🙂 Dos bastidores acompanhei todos os problemas que quase impediram que o congresso não acontecesse.

De qualquer forma, vou tentar resumir um pouco do que aconteceu durante as mesas de debates! Antes de mais nada, que esclarecer que sodas os direitos das fotos utilizadas são da Mayara Barbosa 😉

  • 17 de Outubro // 1º Dia

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(Prof. Dr. Jaime Ginzburg)

A abertura do Congresso se deu pela fala do Prof. Jaime, que em linhas gerais,  contextualizou as transformações da literatura e do cinema a partir de novas experimentações formais, destacando a novas configurações da imagem do corpo, como o êxtase e sexualidade, a extrema violência e terror, numa sociedade brasileira que hoje vive no obscurantismo e num caráter regressista, ao mesmo passo que há uma transformação da comunicação através da internet.

Em seguida, tivemos a primeira mesa com o Prof. Dr. Ettore Finazzi-Agro (Universitá di Roma, La Sapienza // Itália) sobre a adaptação cinematográfica de Suzana Amaral da obra A hora da estrela de Clarice Lispector. O Prof. Ettore destacou as mudanças entre as duas obras, essencialmente a dificuldade de representar no cinema a linguagem, os discursos metadiscursivos, já que o filme não consegue representar em totalidade a mudez de Macábea, configurando, um afastamento irônico da situação miserável da protagonista.

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(Profª. Dra. Yudith, Prof. Dr. Jaime e Prof. Dr. Ettore)

A Profa. Dra. Yudith Rosembaum (FFLCH-USP), destacou na obra a ideia do testemunho, a partir da fala do Prof. Ettore, como incapacidade da fala, que traz ambiguidades através da empatia, do afastamento, desafastamento, aproximação e adesão, já que se faz numa tentativa quase impossível de dar aos marginalizados. Ela destaca a opacidade como técnica empregada no livro e o desamparo existencial. A hora da estrela é um dos meus livros preferidos da vida, então, essa mesa foi muita enriquecedora! (Confiram: Resenha | A hora da estrela, por Clarice Lispector)

Na segunda mesa, a Profa. Dra. Sophia Beal (Univesity of Minesota // Estados Unidos) abordou questões como espaço e gênero em Brasília a partir da lógica visual de invisibilidade dos negros, como se a escrevidão no Brasil nunca tivesse acontecido. Como objetos de análise a professora fez considerações sobre o filme Branco sai, preto fica (2014) Adirley Queirós, e também, sobre a poesia de Meimei Bastos. No primeiro, são destacados o tema do testemunho como papel autobiográfico, já que o filme revela a memória emocional de um acontecimento real, mesclando um hibridismo de gêneros, já que o longa se configura como ficção científica e documentário. Já na poesia, a escrita se dá como forma de sobrevivência social, uma denúncia artística, sendo a segregação espacial planejada de Brasília como tema e crítica da autora que faz parte do Slam das Minas  e publicou a antologia Mulher Quebrada.

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(Profa. Dra. Sophia)

O Prof. Dr. Marcos Natali (FFLCH-USP) abordou a obra O beijo da mulher aranha, de Manuel Puig, bem como a adaptação cinematográfica de Héctor Babenco (1985), que trazem como sinopse dois homens presos numa cela, um é homossexual e outro prisioneiro político, que precisam a aprender a conviver e se respeitar num espaço limitado de confinamento. Destacando as narrativas de personagens  que fogem dos padrões, se tornaram objetos que me trouxeram muita curiosidade.

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(Mediadora Larissa Higa e Prof. Dr. Marcos Natali)

  • 18 de Outubro // 2º Dia

O segundo dia começou com uma pequena síntese do dia anterior pelo Prof. Jaime, e logo em seguida o Prof. Dr. Joachim Michael (Universitat Bielefeld // Alemanha) fez uma abordagem sobre as passagens intermediáticas do cinema de Beto Brant e a literatura de Marçal Aquino. O professor fez uma rica interpelação sobre a medialização da cultura midiática a partir do século XIX, destacando as pluralidades dos meios de comunicação, destacando que os meios para percebibilidade dos sistemas sígnicos geram uma resinificação do objeto.

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(Prof. Dr. Joachim Michael)

Em seguida comparou a obra literária O invasor,  de Marçal Aquino e o longa de Bento Brant (2002), questionando se poderia considerar uma adaptação cinematográfica, já que Marçal que também foi o roteirista do longa, terminou o roteiro antes de finalizar o livro. O perfil e visçao social foram destacados na fala, a partir da ideia da sociedade como uma selva, luta de todos contra todos, fortes devoram os fracos no campo de batalha.

A terceira mesa contou a participação do Prof. Dr. Elcio Loureiro (UFMG) que abordou as representações de violência na adaptação cinematográfica de Nelson Pereira dos Santos de Vidas Secas (1963). Destacando o romance de Graciliano Ramos numa leitura de um roteiro de cinema, a distinção entre o narrar e o mostrar e a construção da instância narrativa. Eu amo a obra de Graciliano Ramos então foi incrível ter uma outra perspectiva da obra. (Confiram: Resenha | Vidas Secas, por Graciliano Ramos)

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(Mediadora Giovana Bardi, Profa. Dra. Simone e Prof. Dr. Elcio) 

A Profa. Dra. Simone Rufinoni (FFLCH-USP) fez sua fala sobre o romance Fronteira, de Cornélio Penna, destacando-o numa tendência de romance de introversão na região Nordeste, em que se caracterizava por um presente de ruínas devido à decadência da mineração e os resquícios da escrevidão. A religiosidade popular por uma suposta santidade de uma moça revelam uma fronteira entre a razão e a loucura, considerando o romance também numa atmosfera  nebulosa de fantasmagoria.

 

  • 19 de Outubro // 3º Dia

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(Prof. Dr. Ivan Marques, Profa. Dra. Fabíola Pdilha e Prof. Dr. Jaime)

O terceiro e último dia do congresso contou com uma mesa mediada pela Profa. Dra. Fabíola Padilha, numa fala do Prof. Dr. Ivan Marques (FFLCH-USP) sobre Mario de Andrade e o cinema brasileiro, o interesse do modernismo pela arte cinematográfica, mesmo que nesse mesmo período o cinema brasileiro não tenha se transformado, sendo os filmes nacionais defasados, esta arte não acompanhou as mudanças do período.

E o Prof. Jaime ainda fez um panorama sobre desafios dos gêneros literário e cinematográfico, levando em consideração as comparações ao longo do tempo a superioridade do espírito sobre o corpo nos gêneros literários, e como a relação entre corpo e formas literárias numa crítica à pureza do discurso.

 

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Para concluir o congresso foi incrível! O Prof. Jaime nos incentivou a conversar com os palestrantes, então conversei com a Profa. Sophia sobre o Slam Resistência, movimento aqui de São Paulo semelhante ao Slam das Minas (confiram: A voz da mulher no Slam Resistência), e com o Prof. Joachim numa comparação de salva de pedras com Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (confiram: Resenha | Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, por Marçal Aquino). Me sinto muito honrada e privilegiada em fazer parte do grupo de pesquisa, das oportunidades que as aulas de literatura brasileira 2, cursada ainda no ano passado, me proporcionam ❤ (Confiram: Diário da Faculdade | Sobre cursar a melhor matéria do curso de Letras)

Além disso, foi bem surpreendente para mim ver professores estrangeiros estudar arte brasileira, ter um conhecimento extenso sobre a nossa cultura, problemas a partir da literatura e do cinema, levando de modo tão sério e respeitoso.

Fizemos um balanço dos pontos positivos e negativos, e o que poderia ser mudado para as próximas edições, apesar dos elogios feitos tanto à organização do congresso como à comissão executiva. Há possibilidade de publicação de um livro com os textos produzidos para o evento e eu espero muito que dê certo, e, quem sabe 2018 já saia! 😉

 

Até o próximo post!

EST. 2015

 

 

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9 Comentários

  1. Que sonho poder participar desse universo literário tão de pertinho. 😄 Adorei o seu post! Bjss

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    1. Oies! Ahhh, fico muito feliz por você ter gostado 🙂 Para mim é um sonho fazer parte desse mundo, eu tento aproveitar ao máximo, mas é difícil acompanhar tudo, por conta do trabalho e tals. O que der, eu compartilho por aqui 😉 Bjos

      Curtido por 1 pessoa

  2. Eu só assisti a palestra do Joachin Michael e gostei bastante!! Bjs!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oies! Ju como assim?!!! A palestra dele foi incrível, acho até que foi a que eu mais gostei (pera, tbm amei a da Sophia, rs). Precisamos tomar um café para eu te conhecer pessoalmente! 😉 Bjos

      Curtido por 1 pessoa

      1. Sim, com certeza!!! Eu estou de manhã e vc?

        Curtido por 1 pessoa

  3. […] eventos, sendo eles o 1º Congresso Internacional de Literatura e Cinema (para maiores detalhes: Diário da Faculdade | Sobre o 1º Congresso Internacional de Literatura e Cinema da FFLCH/USP) e também o Fórum de Editoração (para maiores detalhes: XIII Fórum de Editoração // […]

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  4. […] – Diário da Faculdade | Sobre o 1º Congresso Internacional de Literatura e Cinema da FFLCH/USP […]

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