Resenha | Assassinatos na Rua Morgue, de Edgar Allan Poe

Oies Bookaholics!

Hoje é o dia da última resenha do projeto especial de leitura do Mês do Horror 2016 | Especial Edgar Allan Poe 🙂 O projeto foi baseado na leitura do livro “Assassinatos na Rua Morgue e outras histórias” da linda edição da Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura ❤

Eu adorei fazer este projeto, não tinha certeza se iria conseguir postar todas as resenhas a tempo, mas felizmente saiu tudo como planejado! 🙂 Eu me apaixonei pela escrita e talento de Edgar Allan Poe, não sei como será o projeto para o Mês do Horror do ano que vem, mas espero conseguir ler mais contos do autor e até mesmo ler mais autores 🙂

Preciso muito recomendar para vocês o vídeo da Tati Feltrin sobre a biografia de Poe, o vídeo é maravilhoso é aborda alguns pontos polêmicos sobre a vida pessoal do autor! ❤

Se vocês querem saber como funcionou o projeto e quais foram as resenhas, vou deixar listadas os contos lidos:

Assassinatos na Rua Morgue” foi publicado em 1841, e neste conto podemos observar o talento de Edgar Allan Poe ao narrar um caso policial, mais precisamente um caso de detetive. Comparando aos demais contos presentes no livro, este é o mais extenso, e para mim, o mais surpreendente. Essa surpresa se deu porque vim de leituras em que os elementos de morte, horror e sobrenatural vinham de forma muito chocante. Há casos de vingança, emparedamento, animais sendo torturados e mesmerismo.

O conto tem um caráter peculiar de ser do gênero de investigativo, policial. E logo de início é contado ao leitor como é possível desvendar os mistérios por trás de um crime, até então sem solução. O narrador faz uma analogia entre o jogo de xadrez e o jogo de damas para elucidar a sua ideia:

“Não me disponho agora a escrever um tratado, mas estou simplesmente prefaciando uma narrativa um tanto peculiar através de observações bastante casuais; aproveitarei a ocasião, portanto, para afirmar que os poderes mais altos do intelecto reflexivo são exercitados de forma mais decidida e mais útil através do humilde jogo de damas do que pela frivolidade elaborada do xadrez. Neste último, em que as peças têm movimentos diferentes e bizarros, com valores os mais diversos e variados, aquilo que é somente complexo provoca o engano (um erro bastante comum) de parecer profundo. O que entra principalmente no jogo é a atenção. Se falhar por um momento, o jogador se distrai e comete um erro para seu prejuízo ou derrota final. Uma vez que os movimentos possíveis não somente são numerosos como labirínticos, a possibilidade de ocorrência de tais distrações é multiplicada; em nove casos em dez, o vencedor não é o jogador mais inteligente, mas sim o mais concentrado. No jogo de damas, ao contrário, em que os movimentos são sempre os mesmos e existe muito pouca variação, as probabilidades de um movimento inadvertido são diminuídas e a mera atenção fica relativamente fora do jogo, as vantagens obtidas por qualquer um dos parceiros são conseguidas através de maior perspicácia.” 

(Pág. 68) 

O narrador do conto (cujo o nome não é mencionado), é parceiro e amigo de Mousieur C. Auguste Dupin, um francês que já foi muito rico, mas está falido. Amante dos livros, é o único luxo que possuí. A relação dos dois é muito semelhante (pelas pesquisas que fiz e não por ter lido alguma obra) à relação de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Mas além de tudo, Dupin é um investigador e tem uma personalidade forte:

“Ele se gabava, com uma risadinha baixa e discreta, de que podia ler as intenções e pensamentos da maioria dos homens, como se tivessem janelas no peito; e tinha o costume de acompanhar estas assertivas com provas diretas e bastante assombrosas do seu conhecimento íntimo de meus sentimentos.” 

(Pág. 73)

O caso a ser desvendado é o que se seque:

“EXTRAORDINÁRIOS ASSASSINATOS – Esta madrugada, por volta das três horas da manhã, os habitantes do Quartier St.-Roch foram acordados do sono por uma sucessão de gritos terríveis que partiam, aparentemente, do quarto andar de uma casa na rua Morgue cujas únicas moradoras conhecidas eram uma certa Madame L’Espanay e e sua filha, Mademoiselle Camille L’Espanay e. Depois de algum atraso, ocasionado pela tentativa infrutífera de obter admissão da maneira usual, o portão de entrada foi rebentado com um pé de cabra e oito ou dez dos vizinhos entraram, acompanhados por dois gendarmes. A essa altura, os gritos já haviam cessado; porém, enquanto o grupo corria pelo primeiro lance de escadas, duas ou mais vozes grosseiras, aparentemente discutindo furiosamente, foram distinguidas, parecendo provir da parte superior da casa. Quando o grupo chegou ao segundo patamar, também estes sons haviam cessado e tudo permanecia em perfeito silêncio. As pessoas se espalharam e correram de peça em peça. Ao chegarem a um amplo quarto na parte dos fundos do quarto andar (cuja porta foi forçada, porque estava trancada com a chave do lado de dentro), apresentou-se um espetáculo que encheu a todos os presentes não tanto de horror como de estupefação. “O apartamento estava na mais completa desordem – o mobiliário quebrado e os pedaços jogados em todas as direções. Quase no centro do quarto havia um estrado para suportar um leito, mas a cama fora tirada de cima dele e jogada no meio do assoalho do aposento. Sobre uma cadeira, havia uma navalha manchada de sangue. Na lareira havia duas ou três mechas longas e espessas de cabelo humano grisalho, também cobertas de sangue, que pareciam ter sido arrancadas pela raiz. Em diversos locais do assoalho foram encontrados quatro napoleões,[8] um brinco de topázio, três colheres grandes de prata, três colheres menores de métal d’Alger e duas bolsas, contendo quase quatro mil francos em ouro. As gavetas de uma cômoda, ainda colocada em um dos cantos da sala, estavam abertas e tinham sido aparentemente revistadas, embora muitos artigos de vestuário ainda permanecessem dentro delas. Um pequeno cofre de ferro foi descoberto no chão, embaixo da cama (não embaixo do estrado), no lugar aonde esta tinha sido atirada. Estava aberto, com a chave ainda na porta. Continha apenas algumas cartas velhas e outros papéis de pouca importância. “Não foi encontrado sinal de Madame L’Espanaye; mas tendo sido observada uma quantidade desusada de fuligem na lareira, a chaminé foi pesquisada, e o cadáver da filha (coisa horrível de se relatar!), de cabeça para baixo, foi puxado dali; tinha sido empurrado para cima, através da abertura estreita da chaminé, por uma distância considerável. O corpo ainda estava bastante quente. Quando foi examinado, encontraram-se muitas escoriações, sem dúvida ocasionadas pela violência com que foi empurrado chaminé acima e pelo esforço necessário para retirá-lo. No rosto, foram achados muitos arranhões fundos, e no pescoço, hematomas escuros, com sinais profundos de unhas, indicando que a defunta tinha sido estrangulada. “Após uma investigação completa de cada porção da casa, sem novas descobertas, o grupo entrou em um pequeno pátio calçado, que fica na parte de trás do edifício, onde jazia o corpo da velha senhora, com a garganta cortada a tal ponto que, ao tentarem erguer o cadáver, a cabeça caiu no chão. Tanto o corpo como a cabeça estavam terrivelmente mutilados; o primeiro a um ponto que mal retinha qualquer semelhança com um corpo humano. “Para este horrível mistério não existe ainda, segundo acreditamos, a menor pista.”

(Págs. 77 – 79)

Ao analisar e tentar desvendar o caso, M. Dopin afirma:

“Porque existe uma coisa que podemos chamar de excesso de profundidade. A verdade não se encontra sempre no fundo de um poço. De fato, no que se refere aos conhecimentos mais importantes, acredito que seja invariavelmente superficial. A profundidade acha-se nos vales em que a buscamos e não no topo das montanhas, onde a verdade é encontrada.”

(Pág. 87) 

Esse conto é enorme (nesta edição possuí 43 páginas) e à medida com que as investigações avançam eu fui ficando cada vez mais curiosa em descobrir quem é/são os assassinos das duas vítimas que foram mortas de forma tão brutal e cruel.

“Coincidências, em geral, são grandes pedras de tropeço no caminho daquela classe de pensadores que foi educada sem conhecer nada da teoria das probabilidades – aquela teoria à qual os assuntos mais importantes da pesquisa humana estão profundamente endividados, pois dela receberam suas mais gloriosas ilustrações.” 

(Pág. 98)

Eu confesso que fiquei muito surpresa com a revelação do caso e a forma de pensamento de M. Dopin e claro que não vou contar a resolução do caso. Me deu vontade de voltar a ler mais livros do gênero como Agatha Christie, os próprios livros de Sherlock Holmes e meu querido Harlan Coben ❤

Eu super recomendo a leitura do conto e se você também é curioso/a como eu sou, vai querer desvendar também o caso dos assassinatos na Rua Morgue 😉

Até o próximo post!

Camila Melo 

6 Comentários

  1. Me animou! Tenho caçado tempo para leituras diferentes das minha habituais… ótima resenha! Bju

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    1. Oies… Fico muito feliz por isso, de verdade! Espero que vc goste dos contos do Poe, sou apaixonada! ❤ Bjos da Cah! 😉

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  2. Esse conto me surpreendeu mto, não conseguia para de ler! Ele foi inspiração para Sherlock Holmes (esqueci o nome do autor agora), por isso a relação entre o narrador e Dupin é semelhante ao da de Holmes e Watson! Parabéns pelo post 😊

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    1. Nivia! Me surpreendeu tbm, fiquei imaginando muitas possibilidades e no final era algo que eu nem sequer cogitei hahaha. Quero começar a ler mais livros desse gênero, e uau, muito legal saber que foi inspiração. Muito obrigada pelo carinho! Bjos da Cah! ❤

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  3. […] Assassinatos na Rua Morgue, por Edgar Allan Poe […]

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