Resenha | Dois a dois, de Nicholas Sparks

Oies Bookaholics!

Depois de alguns anos e quase 20 livros eu voltei a ler Nicholas Sparks e apesar de todo o preconceito com a obra do autor, não há problema nenhum em ler aquilo que você gosta. Dois a dois foi publicado aqui no Brasil pela Editora Arqueiro em 2017, com direito a presença do autor no evento de lançamento (confiram: Nicholas Sparks em São Paulo … Eu fui!) ❤

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Two by Two – Tradução: Fernanda Abreu – Arqueiro – 2017 – 512 Páginas – 4,5/5

Sinopse: Com uma carreira bem-sucedida, uma linda esposa e uma adorável filha de 6 anos, Russell Green tem uma vida de dar inveja. Ele está tão certo de que essa paz reinará para sempre que não percebe quando a situação começa a sair dos trilhos. Em questão de meses, Russ perde o emprego e a confiança da esposa, que se afasta dele e se vê obrigada a voltar a trabalhar. Precisando lutar para se adaptar a uma nova realidade, ele se desdobra para cuidar da filhinha, London, e começa a reinventar a vida profissional e afetiva – e a se abrir para antigas e novas emoções. Lançando-se nesse universo desconhecido, Russ embarca com London numa jornada ao mesmo tempo assustadora e gratificante, que testará suas habilidades e seu equilíbrio emocional além do que ele poderia ter imaginado. Em Dois a dois, Nicholas Sparks conta a história de um homem que precisa se redescobrir e buscar qualidades que nem desconfiava possuir para lutar pelo que é mais importante na vida: aqueles que amamos.

Esse sem dúvida nenhuma foi o maior livro do autor que ao longo das mais de 500 páginas conseguiu me envolver e gostar muito da história de Russ. Mas o começo não foi fácil, nas 100 primeiras páginas eu não suportava o protagonista, que começava a entender as dificuldades e o quanto de dedicação estão envolvidas na criação de uma criança. Não que eu tenha experiência no assunto, pois não sou mãe, mas eu sei o quanto era difícil para a minha dar conta de três crianças com pouca diferença de idade, trabalhar e cuidar da casa, principalmente por conta da separação e sem apoio nenhum do meu pai. Fica evidente que essa obra acabou me afetando em diversos pontos por conta da minha experiência pessoais em relação à paternidade e divórcio.

Entretanto, num processo de evolução do personagem com o transcorrer da história Nicholas Sparks conseguiu trabalhar muito bem um dos temas muito presentes nas discussões atuais na nossa sociedade, a relação da mulher como profissional e como mãe. Claro que fiquei apreensiva com qualquer deslize que o autor poderia cometer, principalmente porque a narrativa é em primeira pessoa sob a visão de um homem, que poderia trazer algum julgamento de valor colocando a mulher como uma simples reprodutora, responsável pelos afazeres do lar e satisfação do marido. Ainda que por alguns momentos Vivian, a esposa de Russ é colocada sob uma óptica negativa, no final dá para notar que o autor ficou nessa linha tênue, mas não decepcionou. E nesse sentido eu queria ver a perspectiva dela na história, se tivesse eu acho que teria sido mais interessante ver os problemas do casamento sob as duas perspectivas.

Claro que para as mulheres, público leitor quase que exclusivo, foi uma felicidade ver um homem assumindo não só as responsabilidades nas atividades e cuidados com a filha, como as tarefas domésticas de limpar a casa, cozinhar e ainda cuidar do bicho de estimação. Cabe destacar que outro “plus” para tornar Russ como o “homem dos sonhos”, ele ainda enfrenta dificuldades com o negócio que está abrindo após perder o emprego e a estabilidade financeira. Com as dificuldades e as angústias de um personagem que vê a sua vida mudar em diversos aspectos, Nicholas Sparks deixa evidente que apesar de tudo o homem que retrata não é perfeito, mostrando suas fragilidades e um homem comum da vida real. Que ainda arruma tempo para fazer exercícios físicos pela manhã, preciso dizer, rs.

E é isso. Quando você começa a tentar entender o que deu errado ou, mais especificamente, onde você errou, é mais ou menos como descascar uma cebola. Há sempre outra camada, outro erro do passado ou uma lembrança dolorosa que surge e então conduz ainda mais para o passado, e ainda mais em busca da verdade definitiva. Cheguei ao ponto em que parei de tentar entender: agora, a única coisa que de fato importa é aprender o suficiente para evitar repetir os mesmos erros. (p. 18)

Em termos de narrativa Nicholas Sparks tem uma “receita” que funciona muito bem (mas muita gente não gosta) trazendo uma linguagem fácil e uma leitura rápida, ou seja, mesmo com um livro grande ela fluía muito bem, ideal para mim que gosto de variar os estilos, se comparado aos livros mais clássicos que demandam mais “energia”, se podemos colocar dessa maneira. Por vezes o autor opta por colocar alguns flashbacks, principalmente sobre a relação entre Russ, seus pais e sua irmã, assim como um relacionamento que teve no passado. E isso foi muito bem pensado para cumprir uma função com uma reviravolta na história.

E quando se fala em reviravoltas nas obras do autor estamos falando especificamente de alguma tragédia, incluindo acidentes, doenças e coisas do tipo. E sim, fui percebendo o que poderia acontecer e meio que previ a partir das “dicas”, mas não tirou o brilho me deixando com o coração apertado pela situação. Apesar de ter uma pesada carga dramática, não senti que foi forçado ou exagerado, mas na medida certa, com situações plausíveis a qualquer pessoa (já falei inúmeras vezes o quanto detesto quando os autores querem colocar todas as desgraças possíveis numa história). Claro que a situação é bem descrita com todos os detalhes, já que o objetivo do autor parece ser fazer seus leitores derramarem algumas lágrimas, eu não chorei, mas preparem os lencinhos!

Para os amantes de histórias de romance, ele existe, mas esse ponto fica em segundo plano, sendo desenvolvido com mais ênfase o relacionamento entre pai e filha, ao mesmo tempo que a história fala sobre perdas, superação, recomeços e amor, ou melhor, todas as formas possíveis de amor.

 

Até o próximo post!

 

A Bookaholic Girl (2)

 

 

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14 Comentários

  1. Olá, Camila.

    É realmente chato quando o livro demora um pouco a engatar, mas é ótimo ler aquilo que gostamos.

    Ainda não li esse livro e pelos seus comentários ele parece mesmo ser bom.

    Beijo,

    Samantha Monteiro
    “Degrau de Letras”

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    1. Oies Samantha! Primeiramente seja muito bem vinda ao meu blog 🙂 Nessa leitura o problema foi eu não estar gostando nada do protagonista hahaha, inclusive, fiz recentemente um post no blog sobre abandonar livros, talvez você goste (link: https://abookaholicgirl.wordpress.com/2018/08/10/discussao-voce-costuma-abandonar-uma-leitura-que-nao-esta-gostando/).
      Eu particularmente gostei muito, se ler, vou querer saber a sua opinião, viu? 😉 Bjos da Cah!

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      1. obrigada pela indicação. 🙂

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  2. Eu gosto de livros com linguagem fácil e fluida (de linguagem difícil já basta os artigo a científicos). Apesar de nunca ter lido Sparks, gostei do enredo. Através da sua resenha me identifiquei na história. Pai de duas filhas eu sei bem o que é se anular, as vezes, por causa dos filhos. Muito bom seu texto.
    Abraço.

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    1. Oies Gabriel! É exatamente isso, eu gosto de variar por conta dos inúmeros textos de crítica literária e até os romances clássicos que exigem tanto. Pela sua experiência então pode gostar bastante da história, e se ver representado. Fico feliz que tenha gostado, e se ler vou querer saber o que achou, viu? rs Cah

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  3. Oi Camila, tudo bem?
    Por algum motivo, não consigo sentir curiosidade pelas obras do Nicholas Sparks. Acho que não me identifico com esses dramas familiares que ele sempre propõe.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Oies Priiih! Tudo ótimo e vc?
      Eu entendo que as histórias do autor não agradem e realmente não sejam para todo mundo, mas vale a pena dar uma chance, para ter uma ideia de como é o estilo do autor, talvez você goste 😉 Bjos da Cah!

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  4. Eu confesso que só li Sparks uma vez e não gostei, mas acho que mais porque a edição era um ebook de português de Portugal, ao qual não estamos tão acostumados, e refletiu na narrativa de forma negativa, pois parecia forçado demais. Mas, curiosamente, eu gosto muito dos filmes, por isso acho que o problema foi a edição mesmo. Acredito que haja mesmo uma “receita” que padroniza os livros dele (eu faria a mesma coisa se tivesse descoberto como ganhar dinheiro com livros hahaha), mas não vejo isso como algo ruim. E é realmente gostoso ler às vezes algo leve assim, como um romance a la Sparks, porque os clássicos exigem mesmo em geral.
    Um beijo, linda!

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    1. Ahh, que coisa, rs. Eu lia muito porque na minha cabeça só existiam os livros da escola e depois os livros que viravam filmes. É bizarro ver o quanto as opções e variedade mudaram tanto nos últimos 10 anos (a idosa falando agora, rs). Mas é isso, eu acho que não são livros que vão agradar a todos, mas muita gente gosta e eu sei da importância que foram para mim ❤ E já que você falou dos filmes, acabei de postar sobre, rs. Bjos e bom feriado! ❤

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  5. […] com o autor no ano passado (confiram: Nicholas Sparks em São Paulo … Eu fui!) e  ler Dois a dois no mês passado resgatei da minha memória as lembranças não só dos livros, mas dos filmes […]

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  6. […] Agosto 1. Senhorita Aurora (Babi A. Sette) 2. Martyn – O Detetive: E o sumiço dos encrenqueiros (Marcelo Felix) 3. Allegro em hip-hop – Cidade da Música II (Babi Dewet) 4. Dois a dois (Nicholas Sparks) […]

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  7. Eu amo os livro de Nicholas Sparks, e os que viraram filmes tbm.
    Amo essa leitura leve que te prende e quando vc percebe já acabou o livro é vc já está querendo ler outros. Hoje eu tenho 47 anos e tenho duas filhas uma de 24 anos e outra de 18 às duas passaram pelas leituras do livros dele na adolescência. E hoje os filmes viraram um momento de mãe e filhas. Amo esses momentos espero que algumas de vcs tbm possam construir lindos momentos. Mil Bjs

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    1. Oi Márcia! Ah que experiência maravilhosa poder compartilhar a leitura com as suas filhas, uma bela recordação para vcs compartilharem por toda a vida ❤ Bjos

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