Oies Bookaholics!
A minha primeira leitura de 2020 foi este livro que se configura na temática de desenvolvimento pessoal. O ano em que disse sim, publicado aqui no Brasil pela editora Best Seller é um livro escrito pela Shonda Rhimes, umas das produtoras e roteiristas norte-americana conhecida e aclamada nos últimos tempos pelas séries Gray’s Anatomy, Scandal e How to get away with murder.
★★★★
Year of yes – Tradução: Mariana Kohnert – 2016 – 256 Páginas
Um livro motivador da aclamada e premiada criadora e produtora executiva dos sucessos televisivos Grey’s Anatomy, Private Practice e Scandal, e produtora executiva de How to Get Away with Murder. Você nunca diz sim para nada. Foram essas seis palavras, ditas pela irmã de Shonda durante uma ceia de Ação de Graças, que levaram a autora a repensar a maneira como estava levando sua vida. Apesar da timidez e introversão, Shonda decidiu encarar o desafio de passar um ano dizendo “sim” para as oportunidades que surgiam. Os “sins” iam desde cuidar melhor de sua saúde até aceitar convites para participar de talk shows e discursos em público. Além disso, Shonda deu um difícil passo: dizer sim ao amor próprio e ao seu empoderamento. Em O Ano em que disse sim, Shonda Rhimes relata, com muito bom humor, os detalhes sobre sua vida pessoal, profissional e como mergulhar de cabeça no “Ano do Sim” transformou ambas e oferece ao leitor a motivação necessária para fazer o mesmo em sua vida.
Fazia anos que eu não lia um livro de autoajuda ou como é mais utilizado nos dias de hoje desenvolvimento pessoal. Alguns motivos que me fizeram sentir interesse por esse livro foi a repercussão que ele teve por alguns booktubers que eu acompanho, a minha amiga Mari também disse que adorou, eu já tinha assistido à série How to get away with murder e fiquei surtando de empolgação por saber que era uma mulher negra que vinha dominando o segmento de séries nos Estados Unidos, e por consequência o mundo todo.
Apesar de tudo isso iniciei a leitura sem colocar as minhas expectativas em alta, isso porque eu deixei de lado e tenho um certo “desconforto” com qualquer livro que venha trazer lições ou estratégias para se alcançar o sucesso. Um dos assuntos que mais estudei na faculdade, tanto na literatura quanto nos filmes e séries, foi uma pesada crítica ao neoliberalismo e aqui se enquadram os discursos inspiradores sobre o sujeito empreendedor associadas ao capitalismo. Entendam aqui que não estou criticando quem trabalha dessa forma e os leitores de livros do gênero (afinal o importante é ler), mas para mim é algo que não funciona, tanto que foi alarmante a lista que foi divulgada recentemente com os os livros mais vendidos no Brasil em 2019.
Voltando à Shonda Rhimes, O ano em que disse sim me surpreendeu por não querer dar lições ou estratégias sobre o que você precisa saber. O relato da autora se concentra mais em suas experiências de vida e as dificuldades que encontrou ao longo do caminho e como ela se sabotava, não acreditava no potencial que tinha, mesmo que os resultados do seu trabalho fossem cada vez mais visíveis.
Shonda fala principalmente sobre sua carreira profissional, mas também fala das responsabilidades como mãe e como era difícil equilibrar o trabalho cada vez mais exigente com o tempo que tinha com as filhas adotivas, a família no geral e os amigos. Numa época em que se exige tanto da mulher, exercendo múltiplas funções ao mesmo tempo foi um “refrigério” ouvir de alguém que se cobra tanto que é impossível ser a mulher maravilha o tempo todo.
Essa cobrança parece ser um sintoma desta geração e eu me enquadro muito nisso, não sei se vocês, mas um sentimento constante (quase diário) que tenho é que nunca estou me esforçando ou fazendo o suficiente. Ao mesmo tempo em que dedicamos nossa energia tanto em uma área que as outras ficam de lado, e era o que estava acontecendo com a autora, mesmo com o sucesso dela na televisão. Shonda começou a avaliar a sua vida e chegou à conclusão do ano em que começou a dizer sim:
- Dizer “não” me trouxe até aqui.
- Aqui é uma droga.
- Dizer “sim” pode ser o caminho para algum lugar melhor.
- Se não for o caminho para algum lugar melhor, será ao menos para um lugar diferente. (p. 43)
Esse sim dizia respeito às coisas que ela recusava, como dar entrevistas, palestrar em eventos, ter mais tempo com as filhas, cuidar da saúde e até mesmo dizer não às pessoas que só queriam se aproveitar da sua fama e dinheiro, e até mesmo o dizer não quando não concordava com alguma situação no trabalho e não se posicionava por não gostar de confrontos.
Eu ficava mais em casa. E passava mais tempo trabalhando. Mais tempo sozinha. Mais tempo me escondendo. Perder-se não é algo que acontece de uma vez. Perder-se acontece com um não de cada vez. Não a sair esta noite. Não a colocar o papo em dua com aquela antiga colega de quarto da faculdade. Não a ir àquela festa. Não a sair de férias. Não a fazer uma nova amizade. Perder-se acontece meio quilo de cada vez. (p. 125)
Em relação à saúde eu gostei muito. Muito focada no trabalho e com ansiedade sua alimentação era baseada em muito fast-food, Shonda estava com obesidade e vários problemas de saúde, mas por o estalo só lhe veio no momento em que o cinto de segurança do avião não lhe serviu mais. A autora começou a fazer dieta e exercícios físicos, sem recorrer à procedimentos cirúrgicos e atitudes exageradas para perder peso e nem recomenda atitudes drásticas me seu livro. Eu me identifico com algumas coisas já que no ano passado eu eliminei 10 kg, num primeiro momento foi por motivação estética, mas depois comecei a me preocupar de fato com a minha saúde, consumia muito refrigerante e porcarias, principalmente na época em que tinha que entregar os trabalhos da faculdade.
No livro também há os discursos que a autora fez em alguns eventos em que foi convidada e que para mim foram as melhores partes do livro. Além de vencer a si mesma e o medo de falar em público, esses discursos são tão motivadores que para mim foi impossível não refletir e sentir algo inspirador enquanto lia. Minha vontade era de ficar ouvindo Shonda sempre e por isso recomendo essa palestra dela no TedTalks:
A questão da raça também foi um tema bem trabalhado no livro, além de ter a primeira e única mulher negra numa posição como esta no meio do entretenimento, mas pela forma como a autora se posiciona. Ela fala da profissão do ser escritor e não somente sobre as questões do racismo, mas o de levar à televisão estórias e personagens que saem do padrão branco, isso também considerando não só mulheres negras no protagonismo, mas asiáticas e diferentes questões da sexualidade. Diferente da maioria das pessoas que provavelmente chegaram a este livro por conta de Gray’s Anatomy, eu me senti tentada a assistir depois de terminar de ler o relato de Shonda Rhimes, e olha que estamos falando de 16 temporadas que um dia eu vou assistir 😉
O ano em que disse sim não se propõe a estabelecer dicas infalíveis de sucesso, mesmo porque não dá para comparar realidades tão distantes, este não é um livro que mudou a minha vida, mas ajudou a ter percepções sobre mim mesma e sobre o que eu quero ser.
Os anos e ano de dizer “não” foram, para mim, uma forma silenciosa de deixar para lá. Um meio silencioso de desistir. Uma retirada fácil do mundo, da luz, da vida. Dizer “não” foi uma forma de desaparecer. Dizer “não” foi minha própria forma silenciosa de suicídio. O que é loucura. Porque não quero morrer. (p. 174)
Até o próximo post!
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Gostei da resenha. Fiquei curiosa pra ler o livro. Abraços
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Oies Biaa! Ah leia sim, é muito inspirador 🙂 Bjos
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Ah que legal que você leu!!! eu estou relendo hahaha. Acho gostosa a forma como ela escreve, e realmente faz a gente pensar em tantas coisas (exceto em assistir Gray’s Anatomy – vi o primeiro piloto e detestei a novelona rs =)
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Sim, achei a narrativa dela bem inspiradora… Sobre Gray’s Anatomy preciso criar coragem hahaha
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[…] O ano em que disse sim, de Shonda Rhimes ★★★★ […]
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