Oies Bookaholics!
Quero compartilhar com vocês mais uma história dolorosamente maravilhosa que entrou para a lista de favoritas.
5 ★
The Joy of motherhood – Tradução: Heloísa Jahn – Dublinense – 2019 – 320 Páginas
Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.
Eu estou cada vez mais apaixonada pela literatura nigeriana. A cada história me deparo com personagens mulheres em situações dramáticas, e muito por conta das tradições culturais. As alegrias da maternidade também não foge dessa proposta.
Como o título bem explicita, o tema central é a maternidade. Mas não se engane, é todo carregado de ironia. A protagonista Nnu Ego tem a sua vida moldada o tempo todo pela maternidade e/ou ausência dela. A obrigatoriedade das mulheres procriarem é um costume muito predominante, e não por acaso elas passam por diversas humilhações até concederem herdeiros aos seus maridos. No entanto, é preciso ressaltar que os filhos homens são prioridade, uma vez que as mulheres são deixadas de lado e recebem tratamento diferente dos irmãos.
Nesse sentido, é impossível não relacionar as questões aqui abordadas com outro livro da literatura nigeriana. Fique comigo, de Ayòbámi Adébáyò percorre caminhos muito semelhantes no que diz respeito à maternidade e ao casamento. O matrimônio também sofre com as tradições culturais em que a poligamia é naturalmente imposta.
Voltando às As alegrias da maternidade, a autora Buchi Emecheta trabalha com o subgênero de ficção histórica, uma vez que a trama passa, majoritariamente, na década de 1940. Por isso, como pano de fundo acompanhamos as consequências da colonização inglesa em Lagos, e como também a Segunda Guerra Mundial. Achei essa proposta muito relevante, já que a História é permeada pelo ponto de vista eurocêntrico, sob o olhar romantizado sobre a animalização e escravidão dos povos negros. É necessário que as editoras se voltem às narrativas descoloniais, para que nós leitores possamos desmistificar ideais errôneos tão enraizados.
Posso dizer que a experiência de ler As alegrias da maternidade é única. Embora a narrativa seja em terceira pessoa e um tanto distanciada, consegue capturar muito bem os sofrimentos da protagonista durante a sua vida. Esta é uma leitura que exige empatia e compreensão, ao mesmo tempo um olhar mais crítico sobre situações machistas que ainda estão presente no nosso cotidiano, infelizmente. O livro foi publicado originalmente em 1979 e parece que pouca coisa mudou nas condições das mulheres.
Um último adendo: essa edição da Editora Dublinense está simplesmente maravilhosa, há muito capricho.
E você, já leu As alegrias da maternidade?
Até o próximo post.
Compre na Amazon, utilizando este link você não paga nada a mais e eu recebo uma pequena comissão para continuar meu trabalho.
Redes sociais *Skoob/ *Goodreads/ *Instagram/ *Facebook/ * Filmow
Tenho muita vontade de ler esse livro, mas tenho medo de não gostar por já ter colocado tanta expectativa nele…
CurtirCurtir
Flá, pode ir sem medo pq é maravilhoso demais e doloroso! ❤
CurtirCurtir