Resenha | Encarceramento em massa, de Juliana Borges (Coleção Feminismos Plurais)

Oies Bookaholics!

Eu estou cada vez mais encantada pela Coleção Feminismos Plurais e depois de ler o segundo livro tenho mais certeza de querer adquirir os demais títulos.

★ 5

Coleção Feminismos Plurais – Pólen Livros – 2019 – 144 Páginas

Por que fazer um livro sobre encarceramento, sistema de Justiça Criminal punitivo e feminismo negro? Qual é o ponto de conexão entre estas pautas? Por que prisão, punição, superencarceramento interessa às mulheres, prioritariamente às mulheres negras? Pode parecer fora de lugar falar em racismo, machismo, capitalismo e estruturas de poder em um país que tem em seu imaginário a mestiçagem e a defesa como povo amistoso celebrada internacionalmente. Contudo, parece absolutamente pertinente refletir, escrever, falar e lutar nestas pautas quando os dados estatísticos nacionais provam o contrário do discurso comemorado e largamente difundido.

Quando pensei em colocar Encarceramento em massa na minha lista de 12 livros nacionais para 2020 tinha como objetivo me desafiar a ler mais da produção literária brasileira, assim como conhecer um tema ao qual eu não tinha nenhuma opinião sobre, ou pelo menos ideias baseadas no senso hegemônico. Falar de encarceramento em massa e sobre as condições dos presídios é tratar de polêmicas e muitos tabus, afinal quem está lá é porque mereceu, certo? Nem sempre.

Juliana Borges trata do assunto com extrema maestria, tratando principalmente do viés racista que permearam a constituição do Brasil enquanto uma nação independente de Portugal e que suas raízes permanecem até hoje, infelizmente. O fato da autora ser antropóloga contribuiu bastante para entender as questões legais e históricas ao longo do tempo sobre o tema da punição e encarceramento, e de como as políticas trabalham de modo a marginalizar, executar e aprisionar principalmente a população negra jovem.

Os dados apontados pela autora desmistificam várias das falsas verdades que nos são apresentadas: como a falsa guerra às drogas e o número crescente de mulheres presas nos últimos anos. Não por acaso Juliana Borges assume uma crítica interseccional, ou seja, suas ideias ponderam de forma a considerar no debate de forma simultânea gênero, raça e classe. Esses fatores são o que determinam as condições da realidade dos presídios que vemos hoje, e que também estão intrinsecamente relacionados à violência policial e a ênfase dos movimentos à favor do #BlackLivesMatter mundialmente.

Sua argumentação se divide em três partes tomando como base, principalmente, as obras como “Vigiar e punir”, de Michel Foucault, e dois livros clássicos de Angela Davis: “Mulheres, raça e classe” e “Estarão as prisões obsoletas?”. Estas e outras obras citadas podem servir como uma riquíssima fonte para aprofundar as discussões sobre quais são os critérios que determinam os porquês e quem são os aprisionados.

Essa não é uma discussão fácil, mas necessária. É preciso ter a mente aberta para compreender os diferentes ângulos de uma questão cada vez mais complexa.  

Até o próximo post.

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