Oies Bookaholics!
O casamento é o segundo livro da duologia Com amor, Dublin, continuação de O irlandês. Os e-books são de publicação independente, disponíveis na Amazon e no Kindle Unlimited, e de autoria da autora nacional Tayana Alvez.
Os livros podem ser lidos de forma independente, mas para compreender melhor os acontecimentos é recomendável ler na ordem em que foram lançados.

★ 5 ❤
Duologia Com amor, Dublin – Amazon – 2020 – 336 Páginas
Eu e Robert tínhamos um dialogo super aberto, até não termos mais. O fantasma que Robert insiste em carregar e as cicatrizes que eu não consigo apagar deixaram todo o nosso amor em segundo em segundo plano… A intimidade e proximidade que construímos diminui a cada dia que passamos juntos, irônico, não? E tudo o que ainda escondemos, muito mais de nós mesmos do que um do outro, tem tornado essa distância intransponível. Mas vai ficar tudo bem, certo? Nós nos amamos e só precisamos passar por isso agora, pelo menos é o que Robert sempre diz. (+ 16 anos)
O casamento foi um livro que eu não sabia que precisava. A continuação da história de Júlia e Robert me conquistou de uma maneira que foi difícil não me sentir tão representada aos sentimentos da Júlia.
Eu gosto dessa experiência que livros assim me marcam: quando a personagem protagonista consegue te representar tanto na aparência, quanto nas situações semelhantes (não que eu more em Dublin e tenha um cara como Robert à minha espera, rs). Mas digo principalmente por tocar em assuntos que dizem respeito a um relacionamento amoroso e com ele as inseguranças por ser uma mulher negra e achar maneiras de se autossabotar.
Para aqueles que amam um romance clichê, esse livro não vai te decepcionar: é o tipo de história com algumas questões mal resolvidas, mas que a gente sabe como vai terminar, deixando aquele quentinho no coração. O que não significa que a trama deva ser desmerecida por isso, muito pelo contrário. Lembro uma vez de assistir uma mesa sobre processos de escrita e a Socorro Acioli dizer sobre a habilidade do escritor:
(…) parte de um questionamento básico que todo escritor se deve fazer: o porquê você quer escrever, e a partir disso pensar no tema e qual a opinião e perspectiva do autor em relação a isso,; para ela, atualmente não há nenhuma história de fato totalmente original, mas a forma que cada um escreve é única, mesmo que seja um tema muito “batido”.
Então o que dirá das narrativas da autora Tayana Alvez, uma mulher negra escrevendo histórias românticas sobre e com protagonistas negras? Não por acaso a nota final da autora no livro revela ainda mais o racismo e ausência de mulheres negras, não só na publicação de livros, mas também com suas imagens nas capas de livros. Enquanto eu crescia eu não tive nenhuma protagonista em que eu me visse representada. Vejo que está mais no que na hora da nossa literatura ser empretecida.
Com uma narrativa dividida em capítulos alternados entre Robert e Júlia podemos ter diferentes perspectivas de cada um e compreender os seus sentimentos e aflições. Aqui o relacionamento também é tratado de forma real, não há perfeição e o livro também não se propõe a criar personagens perfeitos. Eu compreendi muito do que a protagonista passava e chorei em diversos momentos com as (nossas) cicatrizes e dores, inseguranças e felicidades. Poderia destacar aqui diversos pontos sobre a condição da mulher negra em relação aos relacionamentos: solidão, ser usada como um objeto exótico (principalmente num país europeu), e sua condição de não ser uma mulher para relacionamento, quem dirá um compromisso tão sério como um casamento, oficializado no caso.
Aqui permanecem o mesmo cenário do primeiro livro a Irlanda, com as crianças fofas e sem a glamourização dos intercambistas brasileiros que precisam se submeter a diversos subempregos para se manter. Mas agora estamos vivenciando uma Dublin real, já que a autora contextualiza a história durante a pandemia de covid-19 em que estamos vivendo.
Com uma escrita envolvente e temas tão pertinentes, O casamento se tornou um dos meus livros favoritos do ano e sem dúvida uma história que merece ser lida.
Até o próximo post!
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É muito bom quando lemos histórias com as quais nos identificamos e nos sentimos representadas. ♥
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OIes Gio! Sem sombra de dúvidas, mesmo sendo uma história já batida em que a gente sabe como vai terminar. ❤
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Nossa, eu entendo perfeitamente isso da representatividade e da identificação. Isso só foi acontecer comigo ao ler a trilogia “Para todos os garotos que já amei”, da Jenny Han.
Passei minha adolescência toda insegura e frustrada por uma série de estereótipos (por parte das outras pessoas) buscando histórias que se parecessem um pouco que fosse com a minha, uma garota de descendência asiática. É como postei uma vez no insta, uma frase que amei: “clichês só são chatos para quem sempre se viu representado”. Tenho certeza que minha adolescência teria sido muito melhor e mais fácil se eu tivesse tido mais histórias por quais eu me sentisse abraçada.
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Oies Isa! Nossa sim, eu acho que um dos motivos de eu ter amado a trilogia da Lara Jean foi realmente por ver outra cultura sendo representada, em conhecer mais dos costumes, então sei bem como é esse sentimento que vc descreveu. Acho até que um dos motivos de eu ainda me interessar pela literatura jovem adulto nos meus trinta anos é ver a diversidade que os livros de hj trazem e que na minha adolescência não tinha. ❤
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