Oies Bookaholics!
Os livros clássicos são aqueles que a gente tem um certo medo de ler, e mesmo quando a gente lê parece que não entendeu muito bem por ser difícil ou confuso, ou até mesmo não achar que era “tudo aquilo” que diziam sobre.
Por isso fiz uma lista com 10 livros clássicos que li e que se configuram nessas situações que citei. Os livros citados foram lidos até 2016 e sinto que hoje eu tenho mais bagagem para compreendê-los, o que não significa que vou fazer a releitura tão em breve, mas quero deixar registrado.
Bora conferir?
1. O sol é para todos, de Harper Lee
Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.
2. A marca na parede e outros contos, de Virginia Woolf
A Marca na Parede e Outros Contos reúne alguns dos textos curtos mais significativos da obra de Virginia Woolf. Escritos entre 1917 e 1941, as histórias foram produzidas, em sua maioria, no conturbado período do entreguerras, sob o impacto de mudanças cujos ecos tiveram efeito direto na experiência sensível da escritora. Em “Uma sociedade”, a autora refuta o lugar intelectualmente inferiorizado conferido às mulheres na época; “Segunda ou terça” narra impressões do cotidiano de maneira nada óbvia; “O vestido novo” mostra ao leitor a investigação típica de Woolf acerca do sentido e forma dos fluxos de consciência. Cada um destes contos dá provas da grande qualidade literária que fez de Virginia Woolf uma das mais importantes escritoras do século XX.
“Sim, seu Canteiro de Flores é muito bom. Por todo ele há uma luz serena, trêmula e cambiante, e a impressão de que os casais estão se dissolvendo no brilho da atmosfera, que me fascinam” [Katherine Mansfield, sobre “Kew Gardens”]
3. Cândido, ou o Otimismo, de Voltaire
Cândido ou o Otimismo é um retrato satírico de seu tempo. Escrito em 1758, situa o leitor entre fatos históricos como o terremoto que arrasou Lisboa em 1755 e a Guerra dos Sete Anos (1756-63), enquanto critica com bom-humor as regalias da nobreza, a intolerância religiosa e os absurdos da Santa Inquisição. Jáo caricato mestre Pangloss é uma representação sarcástica da filosofia otimista do pensador alemão Gottfried Leibniz (1646-1716). Antecipando o sucesso desbragado e a carreira de escândalo do livro, Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, assinou a obra com o enigmático Sr. Doutor Ralp.
4. A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector
Considerado por muitos o grande livro de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. tem um enredo banal. Depois de despedir a empregada, uma mulher vai fazer uma faxina no quarto de serviço. Mal começa a limpeza, depara com uma barata. Tomada pelo nojo, ela esmaga o inseto contra a porta de um armário. Depois, numa espécie bárbara de ascese, decide provar da barata morta. Ao esmagar a barata, e depois degustar seu interior branco, operou-se em G.H. uma revelação. O inseto a apanhou em meio a sua rotina “civilizada”, entre os filhos, afazeres domésticos e contas a pagar, e a lançou para fora do humano, deixando-a na borda do coração selvagem da vida. Esse desejo de encontrar o que resta do homem quando a linguagem se esgota move, desde o início, a literatura de Clarice. Mesmo sem ser um livro de inspiração religiosa, G.H. tem, ainda, um aspecto epifânico. Ao degustar a pasta branca que escorre da barata morta, a protagonista comunga com o real e ali o divino – a força impessoal que nos move – se manifesta. E só depois desse ato, que desarruma toda a visão civilizada, G.H. pode enfim se reconstruir. O escritor argentino Ricardo Piglia disse certa vez que toda a literatura pode ser reduzida a dois gêneros fundamentais: as narrativas de amor e as narrativas de mistério. Em G.H., essas duas claves básicas da ficção se entrelaçam. Pois é justamente a mistura letal de amor e mistério que chamamos de paixão. José Castello – jornalista, escritor e mestre em Comunicação.
5. Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu
O mais célebre livro de Caio Fernando Abreu. Inclui posfácio inédito de José Castello.
Em sua obra mais célebre, publicada em 1982, quando tinha trinta e quatro anos, Caio Fernando Abreu faz transbordar de cada página a angústia, o desassossego e o estilo confessional que o consolidaram como uma das vozes mais combativas e radicais de sua época. A prosa visceral dos dezoito contos de Morangos mofados ― potencializada pela hesitação coletiva de um país que vislumbrava a redemocratização ante a falência incipiente do regime militar ― traduziu as inconstâncias humanas mais profundas e continua, ainda hoje, arrebatando leitores de todas as gerações. Para José Castello, que assina o posfácio desta edição, embora seja um livro de narrativas curtas, “a obra mantém uma férrea unidade, em torno da coragem de se despir, da fidelidade aos sentimentos mais íntimos e mesmo os mais terríveis, e ainda à dificuldade de ser”.
6. Admirável mundo novo, de Adouls Huxley
Já sentiu um gosto de vida controlada em nome do bem social? Já sentiu que o mundo a sua volta parece uma gaiola de felicidade? Ou um manual da vida perfeita? Num mundo desses, todos deveriam ler “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley. Membro de uma família da elite britânica, envolvida com discussões que iam da teologia ao darwinismo, Huxley inventou esse mundo admirável para denunciar o risco das utopias (o sonho de um mundo perfeito). Sua distopia (o contrário de uma utopia) descreve um futuro horrível fruto de uma utopia que deu errado. Essa utopia é o projeto utilitário. O utilitarismo é a escola ética de maior impacto no mundo contemporâneo, pois elegeu como princípio maior da vida a eliminação do sofrimento e a otimização do bem-estar. Sempre preocupados com a administração pública, os utilitaristas imaginaram um mundo sem contradições. Por isso, em nome da felicidade, sacrificariam a liberdade. Bem-vindos ao nosso mundo.
7. Fahrenheit 451, de Ray Bradbury
Queimar livros foi um recurso usado em tempos sombrios, como o da Santa Inquisição e o do nazismo, para eliminar ideias resistentes à crença sanitária no pensamento único. No mundo futuro concebido por Ray Bradbury (1920-2012) em Fahrenheit 451, ler tornou-se um ato subversivo e os que insistem em ter pequenas bibliotecas às escondidas podem virar cinzas junto com seus volumes. O devaneio, a poesia, a filosofia e a ficção foram extintos porque não se admite perder tempo com algo que, em vez de puro entretenimento, ofereça inquietação e angústia. Como toda ficção científica, essa distopia publicada em 1953 emite os sinais negativos da época em que foi escrita. Mas, se a redução das ideias ao binarismo, o desprezo ao intelectual, o fluxo de informações num nível inassimilável e a suspeita de qualquer sinal de melancolia já eram considerados fatores de risco em meados do século passado, nossa civilização anestésica fez do futurismo de Bradbury um gênero bem mais próximo do realismo.
8. Dom Casmurro, de Machado de Assis
Escrito em 1899, este clássico da literatura brasileira é considerado uma das mais famosas obras do Realismo. Se você não cismar de sofrer com a língua que é diferente do português que a gente usa hoje em dia, vai se envolver à beça nessa história de amor entre Capitu e Bentinho, um dos romances mais famoso de todos os tempos. Nesta edição especial você tem o texto integral acompanhado de explicações e links bem espertos que o ajudarão a compreender melhor a trama, diferentes estilos de ilustrações e um encarte com o mapa dos personagens para você lembrar quem é quem no romance de Machado de Assis.
9. Orgulho e preconceito, de Jane Austen
Poucos romancistas conseguiram transmitir as sutilezas e nuances de seu próprio meio social com a inteligência e a perspicácia de Jane Austen. Em Orgulho e preconceito, ela nos presenteia com personagens memoráveis, como a jovem Elizabeth Bennet, que se julga desprezada pelo rico e orgulhoso Mr. Darcy, e começa a se interessar pelo militar Wickham. Nesta comédia de costumes, a escritora inglesa mostra os perigos do julgamento à primeira vista e evoca as amizades, fofocas e vaidades da classe média provinciana. Com mais de 20 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, Orgulho e preconceito tornou-se um dos romances mais populares da literatura.
10. A metamorfose, de Franz Kafka
A metamorfose, novela publicada em 1915, é uma narrativa fantástica em que o personagem central, Gregor Samsa, ao despertar certa manhã, “depois de um sono intranquilo, achou-se em sua cama convertido em um monstruoso inseto”. Depois desse começo ab-rupto, a história se desenvolve em torno das mudanças de comportamento que Gregor observa em si e na sua família.
Já leram alguns dos livros citados? Me digam nos comentários, vou adorar saber! 😉
Até o próximo post.
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O Sol é Para Todos é um dos meus livros favoritos. Amei a lista!
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Oies Gio! Ah obrigada, um dia vou reler e espero gostar tanto assim! 😉
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Excelentes sugestões.
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Obrigadaa! 🙂
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Acredito que releituras são muito válidas. Passei a gostar de algumas obras apenas a partir da segunda leitura. Ah, e muitas das suas seleções são histórias muitíssimo especiais para mim. Espero que dê a elas uma nova chance! 🙂
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Oies Malu! Olha, sim concordo eu quero muito relê-los, mas tbm tenho tantos não lidos parados na estante ainda, rs 😉 Fora os favoritos que tbm quero reler…
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Oi Camila, tudo bem?
Os livros clássicos têm esse poder de tomar novos significados na mesma proporção que nós temos de olhar para eles com outros olhos.
Uma releitura dessa mostra como nós mudamos com tempo. E isso é incrível.
Abraço.
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Oies Gabriel! Exatamente, você soube expressar exatamente o que eu sinto, mas não só com clássicos 😉
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Eu não li ainda estes livros: A metamorfose, Fahrenheit 451, Morangos mofados, O sol é para todos e o A marca na parede e outros contos … mas tenho vontade de ler alguns deles ainda. Abraços
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Ah, quem sabe um dia você leia e goste da experiência com esses livros! Bjos
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Eu adoraria reler “O sol é para todos” também. Da sua lista, um dos meus preferidos! Os de distopia são ótimos também
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Oies Tati! Ah, acho que pelos comentários vou ter que colocar O sol é para todos o quanto antes na pilha de livros com prioridade 😉 Confesso que achei o início e boa parte de Admirável mundo novo muito confuso, principalmente por conta das explicações mais biológicas, digamos assim, rs.
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Confesso que entre Admirável mundo novo e 1984, sou muito mais 1984! Também fique um pouco perdida com o primeiro
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Fiquei curiosa c “A paixão é para todos”. O único da lista q li, entretanto , foi Dom Casmurro. Mas já faz tempo, foi na época do colégio. Talvez considere relê-lo tb, já que hj tenho mais maturidade literária, apesar de que continuará sendo uma leitura relativamente densa , devido aos vocábulos difíceis do português antigo.
Sou nova por aqui, postei meu 2o post recentemente . Caso possível, de uma olhada . Vou deixar aqui o link .
https://lorenazoeh.wordpress.com/2020/02/06/pre-conceito/
Abç
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Oies Lorena! Primeiramente seja muito bem vinda =D Olha, realmente a escrita de Machado é bem densa e não só pela linguagem mais rebuscada, mas tbm pelas diversas referências que ele faz a outras obras e aí a gente tem que parar para ler as notas explicativas, pelo menos foi assim para mim com Memórias póstumas de Brás Cubas, livro que li recentemente 😉 Mas quem sabe vc se surpreenda numa nova tentativa 😉
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Obrigada pelas boas vindas ! Sim, Machado deve surpreender cada vez mais, a cada leitura . To c umas leituras pendentes , mas Machado tá na lista! Bjs, Camila e obrigada por ser sempre tão atenciosa!
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❤ ❤
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[…] e que por isso valem investimento. Mesmo assim, fora os posts de resenhas também falei sobre os 10 livros clássicos que preciso reler e Diário da Faculdade | Vale a pena fazer cursinho […]
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Desta lista já li Morangos Mofados, do Caio e A metamorfose, do Kafka. Morangos Mofados tem um conto que eu gosto muito que é “Os Sobreviventes”. A metamorfose do Kafka com certeza é um dos melhores livros que eu li na vida, uma pena que saí desse livro destruído kkk. Eu não li numa fase boa da minha vida e as metáforas que ele contém são muito fortes, para mim foi um soco no estômago. Mas foi um livro que me fez repensar algumas coisas da vida. Tem outros desta lista que ainda pretendo ler. Abraços
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Oies Vitor! Nossa, lembro que li Os sobreviventes para uma disciplina da faculdade e que conto incrível, deu até vontade de relê-lo agora! Sobre A metamorfose tenho receio de ler e ficar mal tbm, rs acontece! Abraços
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Ah amei a lista
Já li alguns , mas A metamorfose, Dom Casmurro e Fahrenheit 451 são os meus favoritos desta lista.
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Oies! Fico feliz que vc tenha gostado dos livros aqui mencionados 🙂
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