Diário da Faculdade | As minhas experiências com a Fuvest, o vestibular da USP

Oies Bookaholics!

Uma das perguntas mais recorrentes que recebo é sobre a minha experiência com a Fuvest: minhas notas, minha colocação no vestibular, rotina de estudos, cursinho etc. Como eu nunca falei especificamente sobre esse assunto vou abordá-lo nesse post, e num post futuro darei algumas dicas que me ajudaram a estudar para este vestibular e para o Enem.

A Fuvest é o vestibular mais concorrido do Brasil, porque até então era o único meio de entrar na USP. O curso de Letras é considerado um dos mais fáceis de entrar porque ser o curso com mais vagas disponíveis, uma concorrência menor, assim como a nota de corte, tudo isso se comparado a outros cursos. Porém isso não significa que o o caminho é fácil, principalmente se você estudou a vida toda em escola pública, não tem muitas condições de pagar um cursinho de elite e ter a necessidade de trabalhar, se tiver filhos então é ainda mais difícil, mas não impossível. Para finalmente conseguir entrar eu precisei prestar a prova 3 vezes: 2009, 2010 e 2015 e vou falar sobre cada uma delas.

A primeira vez que prestei estava terminando o ensino médio (e nem acredito que faz mais de 10 anos), fazia curso de inglês, trabalhava e tinha aulas no cursinho aos finais de semana. Em 2009 a Fuvest aceitava a nota do Enem para ajudar na pontuação, ainda tive pontuação extra por sempre ter estudado em escola pública (o programa Inclusp), e mesmo assim por 1 ponto eu não fui para a segunda fase. Eu chorei muito e me sentia incapaz, mas tentei no ano seguinte.

No vestibular de 2010 a Fuvest não aceitou a nota do Enem porque foi a primeira vez que a prova foi roubada, e por isso a nota de corte dos cursos diminuíram. Eu passei para a segunda fase, e como ou você precisa escrever algo sem correr o risco de chutar uma alternativa e acertar eu fui muito mal, deixando várias questões em branco, inclusive as da área de humanas. Minha colocação ficou muito longe para ser chamada e mais uma vez eu chorei muito (minha mãe que o diga). Como eu não queria ficar mais um ano sem estudar eu tinha outros planos alternativos e segui com eles entre 2010 e 2011: curso técnico em administração na Etec e o tecnólogo em Processos Gerenciais na Faculdade Fernão Dias com bolsa 100% pelo Prouni, ambos na cidade de Osasco. Sim, eu fazia Etec à tarde e faculdade à noite, e por um tempo até estagiei de manhã, confesso que nem sei como aguentei essa rotina, e posso até fazer um post contando sobre as minhas experiências num post futuro 😉

Em 2014 eu não estava satisfeita profissionalmente e vi que para me destacar no mercado precisaria ter uma graduação em alguma universidade pública, primeiro porque eu não tinha condições financeiras de pagar uma universidade privada, segundo motivo por conta da qualidade. Nessa época eu trabalhava 8 horas e resolvi fazer cursinho presencial à noite de segunda à sexta. Entrei na turma de Maio do cursinho Henfil, um dos mais baratos e mais voltado ao Enem porque meu objetivo principal era passar em Ciências Contábeis na Unifesp, que utiliza o Enem/Sisu como vestibular. Aproveitei que já estava estudando e com o incentivo de um amigo que me ajudou muito nesse período e me inscrevi novamente na Fuvest também para contábeis e no último dia troquei o curso para Letras porque a nota de corte era menor.

No vestibular de 2015 para a minha surpresa eu passei para a segunda fase com uma boa margem, e no 3º e último dia passei mal de tanto estresse e ansiedade. Cabe ressaltar que a primeira fase da Fuvest é composta por uma prova com 90 questões alternativas contendo todas as disciplinas, aí com a nota de corte são definidos os candidatos classificados para a segunda fase composta por 3 dias seguidos de provas com questões dissertativas e uma redação (eu não sei se caem todas as disciplinas ou não porque toda hora mudam as regras). Eu sabia que não teria muitas chances com as matérias de exatas e com biologia, mas lembro até hoje de ter visto na véspera uma aula no YouTube sobre o ciclo do Nitrogênio e me lembrar de alguns conceitos para serem utilizados na prova e funcionou.

Como eu disse anteriormente eu vou fazer um post sobre minha rotina de estudos de preparação para o vestibular nessa época, mas acho importante falar que das 3 vezes que eu prestei a Fuvest eu nunca li todos os livros obrigatórios (9 no total) e até preferia ler apenas as análises dos cursinhos disponíveis na internet, dessas feitas por cursinhos como Objetivo e Anglo, eu tinha muita bagagem literária para analisar as obras. Entretanto, alguns dos livros que eu li se tornaram meus favoritos da vida, como Vidas Secas (Graciliano Ramos) e Capitães da Areia (Jorge Amado).

Para a minha surpresa passei na primeira chamada na colocação nº 834, mesmo com notas não muito altas. Se eu tivesse focado somente na Fuvest provavelmente meu desempenho teria sido melhor, mas como eu disse, meu maior objetivo era com o Enem e são duas provas completamente diferentes. Sei que as pessoas tem muito interesse em saber das notas, mas acredito que não vale a pena comparar, mesmo porque o vestibular 2015 tinha outro cenário, apenas a Fuvest como meio de ingresso e um pouco mais de 800 vagas no curso de Letras. No ano passado, por exemplo, foram apenas 500 vagas pela Fuvest, ou seja, se o candidato do ano passado tivesse as mesmas notas que eu teria ficado de fora. Mas para quem tem curiosidade segue o meu desempenho:

Inkeddesempenho fuvest 2015_LI

Até hoje lembro emocionada do dia que saiu o resultado! Eu finalmente tinha conseguido, após 3 tentativas. Na verdade esse dia foi até engraçado porque na mesma semana já tinha saído o resultado do Sisu, já tinha chorado de tanta felicidade e estava na correria para separar a documentação necessária para levar à Unifesp. O resultado da Fuvest sairia num sábado, mas adiantaram e saiu na sexta-feira, fiquei sabendo da notícia pelos meus colegas do antigo trabalho que ficaram me enviando mensagens com a foto da tela com o meu nome na lista de aprovados porque eu não conseguia acreditar. Naquela mesma semana minha mãe recebeu duas ligações minha chorando e chorou junto comigo, porque ela sabia o quanto aquilo era importante para mim, e ela sempre acredita mais em mim do que eu mesma. Por mais óbvia que seria a minha escolha hoje, na época não foi e tive que fazer uma lista com os prós e contras de cada um dos cursos para tomar a minha decisão, então tem mais assunto para posts futuros.

Por fim, posso dizer que sim foi muito sofrido prestar 3 vezes a Fuvest e espero nunca mais ter que passar por isso, meu emocional e psicológico agradecem muito! Após ter concluído o curso sinto-me ainda mais orgulhosa da minha trajetória, porque somente eu sei o quanto foi difícil não só passar no vestibular mas prosseguir e concluir. Se você está passando por essa etapa ou tem um perfil semelhante ao meu de alguma forma e acha que não tem condições, que eu lhe sirva de exemplo e motivação para alcançar esse objetivo, e nunca se esqueça: você é capaz e nunca é tarde para realizar seus sonhos! (meio clichê eu sei, mas é verdadeiro).

 

Até o próximo post.

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6 Comentários

  1. Gio - Atraídos Pela Leitura · · Responder

    Meus parabéns por esta conquista, Cah! Sabemos o quanto é difícil ingressar em uma universidade pública, principalmente quando viemos de escolas públicas, com um ensino precário, quando não temos condições de pagar por um cursinho e tantos outros fatores que dificultam a realização desse sonho. Você é uma vitoriosa! ♥

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    1. Oies Gio! Obrigada, de verdade! ❤ ❤

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  2. Meu, seu texto ficou muito emocionante! Parabéns, Cah, todas as suas conquistas são muito merecidas!

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    1. Oies Tati! Obrigadaa ❤ ❤

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  3. […] Comecei a pensar e organizar os projetos de leitura para esse ano e no post 12 Livros nacionais para 2020 falei um pouco melhor sobre as leituras que serão prioridade para mim. Também iniciei os trabalhos na coluna Diário da Faculdade e contei sobre as minhas experiências com a Fuvest, o vestibular da USP. […]

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  4. […] sobre a minha experiência na preparação para os vestibulares, lembrando que já falei sobre As minhas experiências com a Fuvest, o vestibular da USP e também se Vale a pena fazer cursinho pré-vestibular?. É frequente eu receber dúvidas de […]

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