Oies Bookaholics!
Mais uma leitura realizada em dezembro e que merece destaque por aqui é Mensageira da sorte. Este é o primeiro romance da quadrinista brasileira Fernanda Nia, publicado em 2018 pela Editora Plataforma 21.
Plataforma 21 – 2018 – 424 Páginas – 4/5
A SORTE É IMPREVISÍVEL. Em pleno Carnaval carioca, durante uma confusão em um protesto contra a AlCorp – uma corporação que controla o preço dos alimentos e medicamentos no país – Cassandra Lira, ou Sam, passa a ser uma mensageira temporária no Departamento de Correção de Sorte (DCS), uma organização extranatural secreta incumbida de nivelar o azar na vida das pessoas. Para manter esse equilíbrio, os mensageiros devem distribuir presságios de sorte ou azar para alguns escolhidos. O primeiro “cliente” de Sam é justamente o seu vizinho e colega de classe, Leandro. O garoto é um youtuber em ascensão e a ajuda dela, na forma de uma mensagem sobre nada menos que paçocas, impulsiona Leandro a fazer um vídeo que o levará para o auge da fama. O que Sam não sabe é que o rapaz também é um ávido participante dos protestos contra os abusos da AlCorp, comprometido a expô-los em seu canal, independentemente dos riscos que possa correr, e a garota se vê obrigada a usar a sorte do DCS para protegê-lo.
Mesmo que não entenda por que foi escolhida para trabalhar para o Destino, logo ela se vê no meio de uma rede de intriga, corrupção e poder.
Ainda lidando com a culpa pela morte do próprio pai e com seus sentimentos por Leandro, Sam embarcará na jornada de desmascarar a quadrilha que está deteriorando o sistema da Justiça, tanto a natural quanto a extranatural, e fazer com que a balança do Destino se equilibre outra vez.
Eu comprei Mensageira da sorte durante a Bienal do Livro de 2018, justamente porque eu queria ler mais livros de autores nacionais. Mas o fato é que eu demorei mais de um ano para lê-lo e isso pelo motivo de eu não gostar de fantasia e esse ser um dos aspectos da obra, estava até me arrependendo de ter comprado até que dei uma chance e adorei a experiência.
A fantasia aqui não me incomodou como eu pensei que fosse atrapalhar a minha leitura e isso se deve pelo contexto em que a história se passa, a cidade do Rio de Janeiro e uma onda de protestos em que a população se vê revoltada diante das ações de uma empresa que vem dominado a cidade. E sim, eu que gosto de histórias mais sobre o “mundo real” gostei de como os elementos fantásticos foram desenvolvidos aqui, principalmente porque eu não tinha que ficar imaginando cenários “impossíveis” na minha cabeça enquanto lia.
Outro aspecto que tornou a leitura importante para mim foram os temas abordados. Adorei a forma como a autora trabalhou a consciência social diante das ações empresariais e a ação policial nos protestos. O livro também fala das Fake News e com isso a nossa própria relação com a internet. Acrescento ainda a maneira consciente com que o luto e a depressão foram abordados, principalmente envolvendo os mais jovens.
O livro tem como público alvo justamente os jovens e acho importante ter livros que abordem assuntos de relevância, que merecem discussão. E por isso que até hoje, mesmo não fazendo parte dessa faixa etária, eu gosto de ler livros desse nicho, porque eu não tinha acesso as essas histórias.
Sam e Leandro, cada um a seu modo, estão vivendo fases muito semelhante, o luto e a depressão após perderem alguém muito próximo da família e cada um reage de um modo a isso, Sam passa a sentir pavor dos protestos, resultado do trauma que sofreu e Leandro, um youtuber que passa a fazer muito sucesso na rede, acredita que esta é a única forma de lutar contra o sistema injusto imposto à sociedade. Não temos personagens fortes, mas sim duas pessoas que estão tentando se estabelecer emocional e psicologicamente. O romance aparece, mas não é o foco principal da história, é apenas mais um elemento que ajuda a compreender a trama desenvolvida por Fernanda Nia.
E por eu não pertencer mais a este público alguns pontos na trama não me agradaram tanto, como as atitudes dos personagens, que acaba sendo consequência da construção dos mesmos. Os protagonistas têm 17 e 18 anos, e por mais que estivessem engajados na causa, de uma forma ou outra, não parecia que eles estavam de fato mais próximos da vida adulta. Sei que parece meio abstrato falar dessa forma, mas basta comparar com outros livros do mesmo seguimento, como as histórias da Colleen Hoover e até mesmo de outros autores nacionais como a Pam Gonçalves, Babi Dewet e Victor Martins.
Uma das cenas finais acabou se tornando um filme de ação com a luta entre o vilão e os mocinhos, e sim, isso também me incomodou um pouco, mas não desmerece as temáticas da história, que para mim foram essenciais para querer e terminar a leitura.
Até o próximo post!
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Como sempre uma ótima resenha Camila.
Aproveitando o momento:
Feliz ano novo. Que 2020 traga mais e mais ótimas resenhas e excelentes opiniões.
Abraço.
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Oies Gabriel! Ah querido, muito obrigada 🙂 Que seu 2020 seja simplesmente incrível e cheio de realizações! Muitas leituras para nós 😉
Cah
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[…] em livros nacionais, mais um que estava esquecido na estante há mais de um ano. Confiram: Resenha | Mensageira da sorte, de Fernanda Nia […]
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