Oies Bookaholics!
Fazia muito tempo que eu não frequentava o evento Segundas Intenções e com a presença da Djamila Ribeiro seria quase impossível não ir à Biblioteca de São Paulo (BSP) e ouvir essa mulher que se tornou uma referência para mim.
Comecei a acompanhar o trabalho da Djamila Ribeiro no ano passado ao ler Quem tem medo do feminismo negro?, uma coleção de artigos que escancaram o racismo e sexismo em diversas ações consideradas “inocentes”. Tenho despertado uma vontade de me aprofundar cada vez mais na temática do feminismo negro, lendo autoras como Chimamanda Ngozi Adichie e bell hooks (inclusive finalizei um de seus livros hoje), mas nada mais profundo e próximo do que ter uma autora brasileira negra para provocar os vários questionamentos dos padrões patriarcais e excludentes.
Apesar do pouco tempo de palestra (um pouco mais que uma hora) e a intensidade dos pontos abordados a frase que mais me marcou foi que “ausência também é ideologia“. A principal revindicação tanto dos movimentos tanto de classe, como os das minorias é sobre presença, sobre o direito de ser e estar. Mas para os negros essa é uma questão mais forte ainda porque desde sempre há tentativas de nos manter afastados de lugares que não podem ser nossos. É exagero? Não!
Nesse sentido a autora explicou sobre a metáfora “a máscara do silêncio” que utilizou no prefácio de Quem tem medo do feminismo negro?, segundo Djamila, esse silêncio (ausência) não é só o de fala, mas também o impedimento da existência negra, suas produções e arte, o pensar o mundo em consequência da imposição de um modelo único.
A autora também falou sobre sua formação e a importância da consciência política e racial que teve dentro de casa por influência (e pressão) do pai comunista que era preocupado em manter a qualidade dos estudos dos filhos. Por parte de mãe, disse que veio a inspiração de força como mulher. Apesar disso, ela ainda tocou em algumas feridas, como o processo de tortura para alisamento dos cabelos crespos, a perda dos pais e o luto, a dificuldade em cursar faculdade e deixar a filha pequena com o pai, e ser julgada por não cumprir de “forma devida” o papel de mãe.
Mesmo sendo uma voz de luta e resistência, a autora também falou da importância de cuidar de si, de “descansar” e da não obrigatoriedade de militar e falar sobre todos os casos de racismo que acontecem. Ela inclui também as brigas desnecessárias nas redes sociais com discussões com pessoas que não têm noção e de não conhecer a fundo o assunto que está em debate. Mas ainda assim, ela deu uma palavra de apoio e de esperança para a plateia presente no evento, ressaltando a importância do estudo e da união.
Sentido essa necessidade ao longo de sua jornada que tem como objetivo a interseccionalidade de gênero e raça, Djamila Ribeiro desenvolve a coleção de livros Feminismos Plurais, que traz títulos como o lugar de fala, encarceramento em massa, colorismo, empoderamento, racismo estrutural, de diferentes autores. Quero muito ler todos esses livros, mas segundo a própria autora eles estão com um problema com a editora que começou a publicar esses livros e alguns estão indisponíveis no momento.
Para saber mais detalhes de como foi esse evento tem disponível a matéria oficial da BSP, assim como o bate-papo na íntegra, confiram!
E por fim, aproveitei a oportunidade para conhecer a biblioteca, que nesse dia completava 9 anos, um marco na cidade de São Paulo, por estar localizada no Parque da Juventude, antigo Carandiru, um dos maiores presídios do país e local de um massacre na década de 1990. Aproveitem a oportunidade e conheçam a Biblioteca de São Paulo, Estação Carandiru do Metrô, Zona Norte.
Até o próximo post!
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Nossa, palestra da Djamila Ribeiro que oportunidade, hein??!! Adorei!! “Feminismo Negro” ainda está na minha lista! Bjs!
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Oies Ju! Nossa, eu berrei quando vi o evento e fiquei ainda mais feliz por conseguir ir! Djamila é incrível mesmo, e tenho quase certeza de que vc vai gostar do livro dela! Bjos
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Obrigado pela partilha. Quando será que vamos poder todos viver em paz, respeitarmo-nos mutuamente, poder viver como deve ser?
A frase do fim do texto me marcou de forma diferente… “…local de um massacre na década de 1990″… Eu assisti pela televisão… Está no meu passado, mas eu vivi isso… É estranho.
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Oies Jauch! Fico feliz que tenha gostado do post 🙂 Eu ainda acredito que podemos viver em harmonia e respeito, independe do gênero, classe e raça! Cara, eu era bebê, mas já ouvi muito Racionais Mc’s, uma cena do filme Carandiru em que os policiais vão de cela em cela fuzilando os detentos me tirou o sono por muito tempo, fora que vi pela tv a implosão… Só de lembrar me dá um aperto.
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Eu quero ler Quem tem medo do femininismo negro e conhecer quem é Djalma Ribeiro. Mas por tudo o que você disse e pelo que todo mundo que leu diz, sei que é uma leitura imprescindível.
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Oies Isa! Eu sou suspeita para falar, sabe? Mas eu comecei a acompanhar o trabalho dela no ano passado e vejo muita coerência, estudo e respeito no trabalho dela. Fora que me identifico demais com várias questões que ela aborda sobre ser mulher negra. Mas ela tbm chama a atenção para que outras pessoas entendam o lugar privilegiado que possuem. Espero que goste assim como eu! Bjos
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*Djamila
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