[Mês do Horror 2018] Resenha | O vilarejo, de Raphael Montes

Oies Bookaholics!

Hoje é dia de falar de O vilarejo, obra do autor nacional Raphael Montes publicado em 2015 pela Editora Suma, antologia que reúne 7 contos que se conectam pelos mesmo espaço e personagens, permeados por situações macabras 🙂

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Editora Suma – 2015 – 109 Páginas – 4/5

Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

Antes de falar propriamente dos contos, duas coisas externas às histórias retratadas me chamam à atenção nesse livro. A primeira diz respeito ao tópico comum na literatura (e por vezes no cinema) sobre o manuscrito encontrado. Raphael Montes no prefácio explica de onde surgiu a ideia desse livro, sobre alguns papéis perdidos que o dono de um sebo lhe entregou, e o difícil trabalho de traduzir. Pensando assim, as histórias não foram “criadas” pelo autor, e muitas vezes essa situação gera problemas quando a pessoa que encontra tais manuscritos publicam como se fossem suas, e depois ser “descoberto”.

No caso de Raphael isso não acontece (deixando bem claro), já que ele explica no prefácio a origem, e isso me levou a pensar também na figura do tradutor. Muitas vezes a gente não se dá conta da importância desse profissional, isso porque esse trabalho exige que a mensagem e a intenção do autor no original precisam ser transportadas para a língua que se pretende traduzir, levando em conta as diferenças tanto do idioma como culturais. E como o tradutor acaba por (re)criar uma nova história no seu idioma, ele também é considerado um autor: porque faz escolhas, ele edita o texto pensando na melhor forma que a mesma mensagem possa ser reproduzida.  Nesse sentido, recomendo o vídeo Como é o trabalho dos tradutores? para que tenha mais conhecimento sobre essa área.

Agora falando especificamente sobre os contos, a leitura é muito rápida e envolvente. E a experiência da leitura se torna mais rica com as ilustrações do Marcelo Damm, até fiz um pequeno vídeo para compartilhar com vocês ❤

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Quando essa coletânea foi lançada em 2015 vi muitas pessoas elogiando e pensei que fosse algo mais ligado às coisas sobrenaturais, mas não, o que torna as coisas ainda mais sombrias e macabras. A personalidade doentia humana, e nesses contos representadas a partir dos 7 pecados capitais: gula, preguiça, luxúria, ira, inveja, ganância e soberba, trabalham com o efeito do choque no leitor ao final de cada demônio representado. Os contos lembram muito o estilo de Edgar Allan Poe tanto ao retratar no terror a violência da psique humana, como por desenvolver a unidade de efeito que Poe defendia como característica essencial da brevidade que o conto possui como gênero.

De caráter circular com personagens e histórias que se cruzam, os contos podem ser lidos em qualquer ordem sem alteração de sentido. Fica difícil aprofundar muito em cada um deles, correndo o risco de dar spoilers e estragar a experiência de leitura. Porém, fica a minha recomendação de um livro de terror que causará aversão e muito desconforto.

 

Até o próximo post!

 

A Bookaholic Girl (2)

 

 

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8 Comentários

  1. Quero muito ler esse livro! A resenha só me deixou com mais vontade de ler! 👏👏

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    1. Ahh gostei muito! Leia sim e depois me conta 😉

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  2. Oi Cáh! Estou doida para sobrar um tempinho para vir ler tudo que você já soltou por aqui. Tenho que dizer, sempre amei suas resenhas, e sempre me surpreendo quando leio mais, cada uma é melhor do que a outra! 😍
    Li essa lindeza no finalzinho de outubro, e caramba! Posso dizer que meu primeiro contato com o autor foi a melhor possível. Amei a narrativa, adorei o clima sombrio e os personagens. Não sei como ainda tem gente que não gosta de literatura brasileira 😦
    Enfim, sigo acompanhando você e as meninas do Quatro Por 4 (as vezes sinto uma falta danada de escrever com vocês ❤ ).
    Beijinhos 😘

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    1. Ahhh Geo! ❤ ❤ Assim você acaba comigo, sabia?! Sinto falta das suas resenhas e de conversar com vc, não só sobre livros, rs. Olha acredita que eu não gostei muito dessa resenha, sei lá, fiquei com a impressão de que ficou faltando algo, por eu não aprofundar tanto e estragar a experiência de quem for ler. Então sério, fiquei surpresa com o seu comentário! Esse ano eu li muita coisa de autores nacionais e percebi o quanto o preconceito nos afasta de histórias muito boas e envolventes. Espero que a coisa mude. E muito obrigada por estar sempre por aqui 🙂 Bjos ❤

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      1. Ai Cah! Que comentário mais fofinho ❤ As vezes sinto muita falta de escrever, e sinto muita falta do grupo, mas acho que ainda não é o momento certo para voltar. Nunca vou esquecer seu apoio e o das meninas ❤
        Gostei muito da resenha porque foi tudo na medida certa sabe? Deu muita vontade de conhecer o livro, sem dar nenhum spoiler. Eu tinha muito medo quando escrevia, porque sempre queria falar demais. Foi na medida!

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  3. […] 1. Misery: Louca obsessão (Stephen King) 2. O vilarejo (Raphael Montes) 3. Caixa de pássaros (Josh Malerman) 4. Formaturas infernais (Meg Cabot, Stephanie Meyer, Michele […]

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