Queria que o narrador da minha vida mandasse sinais aleatórios de qual seria a melhor escolha para mim em cada momento. É tanto dilema solto no emaranhado dos meus pensamentos que eu já não estava nem mais fazendo sentido. (p. 31)
Oies Bookaholics!
Mais um livro na onda de livros nacionais, o destaque de hoje é 13 segundos, o primeiro livro solo da Bel Rodrigues publicado pela editora Galera Record.
Galera Record – 2018 – Young Adult – 304 Páginas – 4/5
Sinopse: O fim de um relacionamento é sempre um período difícil, mas isso se intensifica quando você está no último ano do colegial e precisa decidir o que será do seu futuro. Lola sabe que a decisão foi o melhor para os dois, mas aquela saudade de alguém que estava sempre presente é inevitável. Agora, tudo que Lola quer é deixar isso para trás e focar em pôr a vida em ordem novamente, se redescobrindo após um relacionamento que exigiu tanto dela e reavaliando suas prioridades: estudo, amigos, família e o canto, sua maior paixão. Com o corte do coral das atividades extras, a garota finalmente decide ouvir seus amigos e resolve criar um canal no YouTube para postar alguns covers, nada mais do que um hobby para substituir seu tão amado coral. Focada em não se relacionar seriamente e aproveitar as festas do último ano, tudo parece se alinhar quando Lola conhece John, um intercambista que busca exatamente o mesmo que ela: se divertir e criar memórias inesquecíveis. Quanto mais as coisas mudam, mais a garota percebe como perdera seu tempo tentando salvar um relacionamento que já estava naufragado, e como agora ela se sentia genuinamente feliz com as pessoas incríveis à volta e seu grande hobby se tornando cada vez mais influente. Entre conselhos sinceros, noites quentes e provas do Ensino Médio, a única coisa que Lola não poderia prever era o quão rápido tudo poderia desmoronar. Em treze segundos, especificamente.
Minhas expectativas estão bem em alta com o lançamento desse livro porque acompanho o canal da Bel Rodrigues há alguns anos e vi o quanto foi difícil para ela terminar essa história, tanto que o livro estava previsto para o ano passado, mas por conta de vários problemas pessoas com a Bel não aconteceu. Então, para quem conhece a Bel pelos seus vídeos no YouTube pode notar várias referências de filmes, séries, livros, jogos e música, muita música por sinal, e ainda cada capítulo tem o título de uma música, formando uma playlist muito variada e bem legal, que eu inclusive estou ouvindo enquanto escrevo essa resenha, inclusive as músicas estão compiladas nessa playlist no Spotify. 😉
Além disso, por ser o primeiro livro com maior aprofundamento da história, já que é um romance e por consequência uma história mais longa que um conto, foi quase impossível não ficar com a imagem da Bel enquanto está lendo sobre a sua protagonista Lola, desde as roupas descritas, o estilo de músicas e até mesmo a própria maneira de se expressar. Ou seja, para mim Lola era a Bel todinha, rs.
A narrativa da história flui rapidamente e eu confesso que fiquei economizando a leitura durante todo o final de semana,s abe aquele misto de saber como as coisas vão acontecer ao mesmo tempo de não querer que o livro acabe? Foi essa a sensação! O clima do terceiro ano do Ensino Médio, somado às baladas, romances e rolos dos personagens nos fazem nos sentir tão próximos da história, como se o leitor fizesse parte do grupo de amigos da Lola. E que amigos mais excêntricos e diversos a autora conseguiu criar, mas sem cair nos estereótipos ou assumir um lugar de fala que não pertence a ela, indo de personagens negros, lésbicas, bissexuais, outro fator que pode representar muitos leitores. O círculo de amizade descrito tem uma grande importância na história, na verdade basicamente todas as cenas tem a influência dos amigos de Lola seja nos momentos felizes e de algazarra durante os rolês da galera como nos momentos mais tristes e angustiantes.
E por falar de tristeza e angústia, a autora trabalhou temáticas que ainda são tabus na sociedade, e achei que ela foi muito ousada em trabalhar determinadas questões. O relacionamento abusivo volta como uma das temáticas da autora que já tinha desenvolvido no seu conto (Re)começos no livro O amor nos tempos de #likes, e que agora em 13 segundos ganhou muito mais profundidade e perspectivas sobre. Entender como esse tipo de relacionamento funciona e como a vítima se sente é primordial para ajudar outras mulheres, principalmente, que passam por esse tipo de situação, mesmo que num primeiro momento não percebam em que tipo de relação está, afinal de contas todos nós estamos sujeitos a isso, infelizmente passamos pela possibilidade de sermos magoados por pessoas que nos envolvemos e que confiávamos.
Nesse sentido, o lance todo em volta de revenge porn (ou pornografia de vingança) ressalta ainda mais a questão da confiança e me serviu como um tapa na cara em alguns pontos. Eu confesso que como feminista passei a entender aos poucos as questões mais voltadas à liberdade da mulher de se vestir e ser culpabilizada em casos de abuso e principalmente a questão de nudes e vídeos íntimos e também tinha o mesmo pensamento que muitas pessoas têm, porque se arriscar? Sempre percebi que o tratamento com homens e mulheres nessa situação são bem diferentes, é a mulher que sofre todo o julgamento, então para mim, é difícil manter uma relação de extrema confiança com alguém a ponto de fazer enviar algo muito íntimo sem ter nenhuma preocupação que o material não será vazado de alguma forma. Na minha vizinhança já teve alguns casos de meninas que sofreram a mesma coisa e foram ridicularizadas com os vídeos sendo vazados para todo mundo, aliás, quem não conhece uma história real assim? A Bel conseguiu trabalhar isso de uma forma real, com um foco maior na vítima , já que a narrativa é em primeira pessoa, e as consequências cruéis, já que muitas mulheres acabam desenvolvendo depressão e outros transtornos mentais. Em segundo plano, a partir da perspectiva dos amigos de Lola, foram pontuadas rapidamente as repercussões da exposição na internet, um pouco da questão jurídica e a (não) responsabilidade da instituição de ensino.
Claro que não poderia faltar o feminismo já que esses são assuntos de pauta do movimento feminista, o apoio que as mulheres precisam e necessidade de se unir principalmente em casos desse tipo, sem julgamentos. Cabe destacar com muito louvor a a sororidade, destaco a amizade de Lola com as amigas, uma relação sem toda essa necessidade de ficar competindo ou invejando as conquistas uma da outra. Em 13 segundos também rolou a discussão da liberdade da mulher de se falar e praticar sexo sem que fosse um ato de vergonha por ela ser mulher e ter que reprimir seus desejos e ser uma mulher decente e recatada, aproveitando o momento para elogiar as cenas bem quentes de sexo durante o livro, inclusive percebi bem a referência de Colleen Hoover! rs
Entretanto eu senti que faltou algo na história, não sei dizer exatamente o quê (talvez a fonte em um tamanho um pouco maior do que o habitual que sugere que o livro poderia ter menos de 300 páginas), mas acho que gostaria de ver um pouco mais da repercussão da separação dos pai de Lola, porque senti que a relação com os amigos ficou repetitiva e gostaria de conhecer outros aspectos do passado da protagonista, além disso, também gostaria de ter visto um pouco mais sobre Curitiba, local onde grande parte da trama se passa e que eu quero conhecer ainda esse ano. No entanto, é um livro que eu recomendo muito e exerce um papel didático para os leitores que passam ou já passaram por alguma situação semelhante das que foram esboçadas na história, como a transição capilar (sim, eu vibrei com isso!!!) e a questão da sexualidade.
Até o próximo post!
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