Resenha | Depois do azul, de Élaine Turgeon

Oies Bookaholics!

Hoje vou falar sobre as minhas impressões sobre Depois do azul, da autora canadense Élaine Turgeon, publicado pela Plataforma 21, selo da V & R Editoras. Confiram 😉

 

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Plataforma 21 – 2017 – Young Adult – 144 Páginas – 4/5

Sinopse: Uma família como as outras. Um pai, uma mãe, duas irmãs. Uma família como as outras até que Geneviève tira a própria vida, à noite, na piscina de sua escola. Sua irmã gêmea, Lou-Anne, tenta então sobreviver ao drama, entre uma mãe devastada pela dor, um pai que bem ou mal finge não se abalar e uma avó que se refugia por detrás da raiva. A escrita, as palavras e as letras virão ao socorro desta família em pleno naufrágio. Um romance tocante, como é a vida quando temos quinze anos, com o futuro diante de si e que se decide morrer. Nessa narrativa dramática, dolorosa e necessária, Élaine Turgeon aborda o suicídio e a depressão com justeza e profundidade. Porém, sobretudo, ela nos faz reencontrar personagens intensos lutando com a morte, com a vida, no decorrer de uma história repleta de amor e de esperança.

 

Antes de qualquer coisa, uma minuto para contemplação dessa edição ❤

 

Essa é uma daquelas leituras que se faz em apenas uma sentada só, em uma hora é possível finalizar a leitura e absorver toda as mensagens que a autora reservou ao leitor, acredito que todos os detalhes do livro foram pensados a fim de chegar ao objetivo final de orientar e alertar sobre a depressão e o suicídio.

Uma das primeiras marcas da história é a mescla das perspectivas narrativas. O leitor tem acesso aos pensamentos de Geneviéve, com escritas em um diário antes de cometer o suicídio; a visão de sua irmã gêmea Lou-Anne, a mãe, a avó e o pai, além de um narrador em terceira pessoa que narra os fatos, sendo alguém de fora da família. O ponto geral que cabe para quase todos esses narradores é a importância da escrita, como única forma  para expressar seus sentimentos, muitas vezes de forma bem poética, com a utilização de metáforas e construções líricas, ou seja, marcação da escrita por um “excesso” de sentimentalismo.

A escolha por várias vozes narrativas mostram como o suicídio afeta não só a pessoa que está sofrendo de depressão, mas também como afeta as pessoas mais próximas, como os familiares e até o preconceito com a doença, ainda tratada como frescura. E ainda o sentimento de culpa para os ficam, desde os familiares e até o professor de natação da garota.

Genevíeve, uma jovem às vésperas de completar 16 anos comete suicídio na piscina da escola, deixando muitos sem entender os motivos o que o levaram a chegar a saída final.  A construção da personagem se faz de forma muito cuidadosa que chama a atenção para alguns detalhes essenciais:

Tudo havia sido cuidadosamente encenado como só Geneviéve sabia fazer. Além do mais, não diziam que ela tinha talento para a tragédia? Na verdade, ela era talentosa e ponto. Seus professores afirmavam que ela tinha uma escrita inspirada. Sombria, mas inspirada. Ela acumulava prêmios no esporte. As paredes de seu quarto eram cobertas de ilustrações que, apesar de mórbidas, testemunhavam certo talento. O desenho sempre lhe permitira exteriorizar os monstros que a atormentavam por dentro. 

Nesse trecho podemos notar o preconceito com a depressão como uma encenação e drama, e foge aos estereótipos de que é uma doença que deixa as pessoas tristes e trancadas dentro de casa, e ainda os detalhes da escrita e dos desenhos que poderiam alertar pais e professores de que a jovem precisava de ajuda.  Com as (poucas) passagens de Geneviéve podemos sentir suas aflições e a luta que estava enfrentando consigo mesma.

Por outro lado, a forma com que a família reage à tragédia também é muito tocante. Podemos ver o histórico de depressão familiar, principalmente com a mãe das gêmeas, e sua relação com sua mãe também ao longo dos anos. Mas, o mais marcante foram as passagens da irmã Lou-Anne, como esta:

Quando uma pessoa morre jovem, perguntamo-nos muitas vezes “Como ela seria com vinte, quarenta, sessenta anos?”. Serei sempre a lembrança constante daquilo que minha irmã poderia er sido. Mas só na aparência, porque, no interior, eu já não sou mais a mesma. O que verão serão a cópia do que teria sido minha irmã, mas, sobretudo, esse buraco que ela deixou em mim.

Chamo a atenção para esta passagem, pois Genevíeve e Lou-Anne eram gêmeas idênticas, sendo até bem perturbador ver sua “cópia” morta em um caixão. E mais uma vez o preconceito com a doença:

Se minha irmã tivesse sido esmagada por um caminhão de dezoito rodas, devastada por um vírus com um nome complicado, ou melhor, acometida por uma doença rara e incurável que provocasse a morte em vinte e quatro horas, certamente encontrariam as palavras e os gestos de conforto; mas, quando o caminhão de dezoito rodas é a própria morte, que o conduzia a cento e cinquenta quilômetros por hora, sem freios nem sinto de segurança, com pneus carecas, e ela mesma  fora arremessada contra um muro de cimento, não se sabe mais, repentinamente, o que dizer aos sobreviventes da colisão. 

Considero incrível a preocupação da autora ao trabalhar com essas temáticas, porque acredito que não tem muito sentido ter livros para jovens sobre suicídio, se você não coloca uma mensagem positiva na própria história, e não apenas um epílogo, como livros já publicados nessa mesma temática (confiram: Resenha | Por Lugares Incríveis, por Jennifer Niven e Quatro Por 4 | Eu Estive Aqui, por Gayle Forman).

Ainda, a autora usou da sua própria experiência durante a adolescência para hoje, como educadora, tentar conscientizar, não por acaso, o livro tem apenas 144 páginas, perfeito para trabalhar nas escolas, falando diretamente com os adolescentes. Outra ação importante é que: segundo o site da Plataforma 21:

Obra publicada em parceria com o CVV – Centro de Valorização da Vida – cvv.org.br, organização filantrópica que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. Parte das vendas de Depois do azul é destinada ao CVV. Ao adquirir o livro, o leitor estará contribuindo para a organização.

(Plataforma 21 – Site Oficial)

Para concluir, eu com certeza indico esse livro, sendo uma leitura imprescindível e extremamente relevante para tratar sobre a depressão, o mal do século XXI.

Até o próximo post!

Camila Melo

 

 

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5 Comentários

  1. Parece bem pesado, mas é um livro que eu leria com ctz!

    Eu gosto muito das suas resenhas (ja falei, né?). Mas eu realmente tenho admiração pela forma que vc escreve (sei como dá trabalho!). Seu blog é lindo demais.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oies Thais! 🙂 Que bem ter a sua visita por aqui novamente, muito obrigada pelo carinho e apoio, me motivam muito ❤ Apesar de ser um tema bem pesado, acho que a forma com que ele foi tratado é que me cativou, não sendo apenas uma história triste, mas que pode fazer a diferença! ❤ Bjos da Cah 🙂

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  2. […] Depois do azul, por Élaine Turgeon >> Esse livro também foi lido bem rápido por ser bem curto, mas ao mesmo tempo sua mensagem foi muito bem trabalhada pela autora. […]

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  3. […] Me apaixonei pela forma com que esta história foi tratada e todo o propósito do livro, confiram: Resenha | Depois do azul, por Élaine Turgeon. […]

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  4. […] (Jojo Moyes) 2. Turma da Mônica Jovem: Uma viagem inesperada 3. Dreamland (Sarah Dessen) 4. Depois do azul (Élaine Turgeon) 5. A redoma de vidro (Sylvia Plath) 6. Memento: O mistério da lembrança adormecida (Diego A. […]

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