Resenha | Chá de sumiço (Helen Walsh), de Marian Keyes

Sobre um livro que mostra que até as pessoas mais fortes têm suas fragilidades…

Oies Bookaholics! Caso vocês não lembrem, ou não saibam, no ano passado eu me propus a reler a série da Família Walsh, da minha autora preferida diva Marian Keyes, e até criei o projeto de (Re)Leitura: Série Família Walsh – Por Marian Keyes.

Acontece que dois 6 livros da série eu acabei lendo apenas 4, e minha ideia era que o projeto fosse em 2016. Já estamos em 2017 e eu finalmente terminei a releitura do 5º livro da série, que tem como personagem principal a filha mais nova e “atentada” da família: Hellen Walsh.

Vamos conferir? 😉

KEEP CALM: NÃO HÁ SPOILERS NESSA RESENHA!!!

Uma informação muito importante: por mais que façam parte de uma série, os livros não dependem um do outro, a não ser pelo tempo cronológico, já que em cada livro a história de uma irmã Walsh é contada, e as outras são apenas personagens secundárias, quase não aparecem e são apenas citadas para deixar o leitor a par de suas vidas. 

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  • Título original: The mistery of Mercy Close
  • Autora: Marian Keyes
  • Editora: Bertrand Brasil
  • Gênero: Romance / Chick-Lit
  • Lançamento: 2012 – Lançamento Brasil: 2014
  • 644 Páginas
  • Classificação: 5/5

Sinopse: Helen Walsh não vive um bom momento. O trabalho como detetive particular não vai bem, o apartamento foi tomado por falta de pagamento e um ex- namorado surge com uma proposta de trabalho: encontrar o desaparecido músico da Laddz, a boy band do momento. Precisando do dinheiro, ela se vê forçada a aceitar, o que causa uma confusão em sua cabeça ao conviver com o ex e precisar acalmar o atual namorado. Ao tentar seguir suas próprias regras, Helen será arrastada para o mundo complexo, perigoso e glamoroso do showbiz, percebendo que seu pior inimigo ainda está por surgir. Irresistível, comovente e muito engraçado, Chá de sumiço é diferente de todos os romances do gênero, e a protagonista – corajosa, vulnerável e dona de uma língua afiadíssima – é a heroína perfeita para os novos tempos.

Para situar o tempo cronológico da série, Chá de Sumiço se passa 17 anos, sim 17 anos, após o primeiro livro Melancia. Helen tem 33 anos e após acompanharmos um pouco de sua vida a partir dos livros de suas irmãs, muita gente se decepcionou com esse livro. A história de Helen era a mais aguardada e a mais demorada a chegar no Brasil, sendo que o livro anterior, Tem alguém aí?, foi lançado em 2010 e esse somente em 2014.

Os pontos principais que envolvem a narrativa incrível da Marian Keyes nessa história são a depressão, a crise financeira que assolou a Europa e o mistério sobre o sumiço do músico Wayne Diffney.

  • Depressão, o mal do século

Assim como nos demais livros, a autora ousou ao abordar sobre um tema muito pesado e que tem sido muito presente no mundo contemporâneo: a depressão. Narrado em primeira pessoa, o livro retoma a alguns momentos do passado para entendermos a crise que a protagonista vem enfrentando. E esse foi o motivo de muitas pessoas não terem gostado tanto desde livro, já que Helen sempre foi a filha mais ousada, determinada e que perturbava todos. Era descrita como uma personagem forte, destemida e que sempre estava disposta a enfrentar o que quer que tentasse atrapalhar o seu caminho.

Eu particularmente adorei a escolha da autora ❤ Foi sim uma surpresa, mas Marian Keyes retrata em seus livros sobre mulheres reais, que passam por problemas sim e muitas dificuldades. Retratar Helen Walsh com um quadro de depressão mostra que até as pessoas mais fortes têm suas fragilidades, e ainda que não existe mulher maravilha.

Ao acompanhar a narrativa podemos entender como funciona a cabeça tão caótica de uma pessoa que passa por uma crise depressiva:

“Havia dois anos e meio, eu aprendera a parar de esperar consolo e conforto das pessoas à minha volta, porque elas não conseguiam me fornecer isso. Todos estavam apavorados demais. Eu estava aterrorizada e eles também. Ninguém parecia compreender o que acontecia comigo e, ao perceber que não podiam me ajudar, sentiam-se impotentes, culpados e, por fim, ressentidos. Sim, é claro que eles me amavam; minha mente sabia disso, embora o coração não conseguisse sentir esse amor, mas o fato é que uma parte deles estava zangada comigo. Como se fosse escolha minha ficar com depressão, ou eu estivesse resistindo de propósito à medicação que deveria me consertar.” (Págs. 173/174)

“Já ouvi pessoas dizerem que ter depressão é como ser perseguido por um imenso cão preto. Ou estar preso em uma redoma. Para mim era diferente. Eu me sentia envenenada. Como se meu cérebro quisesse e precisasse se livrar de toxinas marrons, muito escuras, que poluíam tudo: minha visão, minhas papilas gustativas e todos os meus pensamentos.” (Pág. 292)

Apesar do tema ser muito pesado a autora consegue intercalar os momentos de crise de Helen com episódios muito hilários, afinal, é uma das características marcantes de Marian Keyes. O melhor é que a autora não só descreve o estado de Helen de forma melancólica e sem solução, ela apresenta possíveis ajudas para enfrentar o problema. Quantas pessoas também não passam pela mesma situação e não sabem o que fazer, ou que não acreditam que há uma forma de amenizar o problema?

  • Crise financeira na Europa

Quando eu li esse livro em 2014 lembro que eu ficava com muito peso na consciência por ler este livro. Isso porque eu estava estudando para o ENEM e a FUVEST e não tinha tanto tempo para ler coisas “aleatórias”. Mas era o livro que vinha esperando desde o fim da leitura de Tem alguém aí? em 2010.  Mas o contexto histórico do livro me ajudaram a estudar de certa forma (eu até uso isso como justificativa hahaha).

Devido a crise financeira mundial em 2008, a Irlanda entrou em recessão, ou seja, diminuição da atividade econômica, com queda da produção, desemprego e muita crise. O período de 2008 a 2010 foi muito crítico, e ainda em 2012 o país lutava para se recuperar da crise. (G1 / Vermelho) Uma das características dessa crise, foi que as pessoas não estavam mais conseguindo pagar a prestação de suas casas. Muitas pessoas foram despejadas nesse período, e Marian Keyes retrata essa situação durante o livro todo, tanto que Helen Walsh perde seu tão sonhado apartamento.

Para Helen a crise foi muito crítica devido à sua profissão. A filha mais nova da Família Walsh é detetive particular, e como é retratado no livro, esse é na maioria das vezes um serviço de luxo. A maioria dos casos que investigava era sobre adultério e com a crise financeira, as pessoas preferiam não contratar um detetive particular para tentar comprovar a traição de seu parceiro. Mesmo porque se realmente houvesse uma traição, a separação não seria vantajosa devido à crise. Sim, isso está no livro, rs.

  • O mistério de Mercy Close

O principal mistério que a história envolve é o chá de sumiço (trocadilho com o título do livro, rs) de Wayne, um músico da banda Laddz. A banda foi muito famosa há 15 anos atrás na Irlanda e o produtor Jay Parker com mais dois outros produtores decidiram unir os 4 músicos para 3 shows. O problema é que Wayne simplesmente desaparece uma semana antes dos shows acontecerem e seria um grande prejuízo e decepção dos fãs se os shows não acontecessem.

Foi muito interessante a forma com a autora conseguiu desenvolver o mistério de Mercy Close, lugar que Wayne mora. Seguindo várias linhas de raciocínio, Helen passa por várias situações de tirar o fôlego e outras muito engraçadas para descobrir o paradeiro de Wayne. O mistério é desenvolvido de forma muito surpreendente, vários pontos são lançados ao longo da narrativa, mas ao final a autora conseguiu fechar cada ponto que lançou. A detetive é contratada por Jay Parker, o produtor da banda, que nada mais é do que seu ex-namorado. Há entre eles uma relação do passado mal resolvida que aos poucos vai sendo apresentada aos leitores, bem como o porquê do fim da amizade de Helen com Bronagh, sua amiga inseparável, até então.

Eu adorei a releitura de Chá de Sumiço e posso dizer que essa série é uma das minhas preferidas da vida!. Caso queiram conhecer os demais livros da série, confiram:

O único livro que falta para finalizar o projeto é o livro bônus Mamãe Walsh: Pequeno dicionário da Família Walsh, que eu pretendo postar a resenha ainda nesse final de semana, rs… Oremos!

Espero que vocês tenham gostado da resenha e me digam nos comentários se já leram algum livro da autora 😉 Ou se já leram algum livro que trata de depressão, vamos trocar indicações 😉

Até o próximo post!

Camila Melo 

 

 

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8 Comentários

  1. Ameeei a resenha! Infelizmente há assuntos que são pouco tratados e a depressão é um deles, as pessoas ainda se incomodam de ler e debater a respeito da mesma. Acho extremamente importante que seja discutido e fico feliz que a autora Marian tenha o feito, ainda mais de forma tão natural. Fiquei empolgada para ler, hihi 🙂
    Beijinhos ❤

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    1. Biaaa! Obrigada ❤ A Marian Keyes tem o dom de tratar de assuntos pesados de forma tão real, poucos autores conseguem ou se propõem a fazer isso, infelizmente! Há tantos assuntos, tantas abordagens que merecem ter voz, e os livros são um excelente meio para o debate! Leia o livro sim, vou torcer por isso, hahaha 😉 Depois me diga o que achou 😉 Bjos ❤ ❤

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  2. […] 2/60 – Chá de sumiço (Helen Walsh), por Marian Keyes […]

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  3. Olá! Até hoje, li apenas dois livros da Maryan: “Tem alguém aí?” que foi o meu primeiro contato com a Maryan, e eu amei tanto a leitura, que decidi ler outra obra da autora: “A estrela mais brilhante do céu”. Porém desse, eu já não gostei muito. E devido a isso, estou até hoje resistindo a uma terceira leitura. Vamos ver se eu volto a ler a Maryan algum dia rs.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Oies Bárbara! Fico feliz em ter a sua participação por aqui 🙂 Seja muito bem vinda! Já li “Tem alguém aí?” duas vezes e é o meu livro favorito da autora ❤ E sim, "A estrela mais brilhante do céu" tem uma vibe bem diferente, mas acabei gostando. Eu sou super fã da autora e recomendo para você a série de livros das Irmãs Walsh, que inclui o "Tem alguém aí?", são: "Melancia", "Férias", "Los Angeles" e "Chá de sumiço"; eles não precisam ser lidos na ordem, não interfere tanto já que em cada livro é contada uma história de cada uma das irmãs. Ou se preferir, tem ainda os livros únicos, como "Sushi", "Casório", "É agora ou nunca" que continuam nessa vibe de comédia e drama.

      Bjos da Cah

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