Bate-papo: “Dois irmãos” – a obra e suas adaptações de Milton Hatoum

Oies Bookaholics! Hoje vim falar do primeiro evento literário que pude participar em 2017! 🙂 Só fiquei sabendo do evento porque a minha amiga Amanda, maravilhosa, me avisou, rs. Infelizmente ela não pôde ir, mas muito obrigada mana! ❤

Na última terça-feira, dia 10 de Janeiro, a editora Companhia das Letras juntamente com a Saraiva Online, promoveram um encontro e bate-papo com o autor Milton Hatoum, os gêmeos quadrinistas Fábio Moon & Gabriel Bá e a roteirista Maria Camargo para um encontro sobre o livro “Dois Irmãos” e suas adaptações. O evento aconteceu por volta das 19h, na Livraria Saraiva do Shopping Eldorado, na região oeste da cidade de São Paulo.

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Eu li o livro e amei, confiram a Resenha | Dois irmãos, por Milton Hatoum 😉 O evento foi maravilhoso e quero destacar alguns pontos que achei muito interessantes.

  • Dois Irmãos, a minissérie de televisão

Primeiramente para falar sobre a adaptação da obra para a minissérie de televisão da Rede Globo, Maria Camargo afirmou que o processo de produção se iniciou em 2003. Sim foram 8 anos até a produção ser finalizada. A roteirista disse que leu o livro 27 vezes, sim 27 vezes!  E até apresentou sua edição toda rabiscada e marcada com post-its, ela precisou escrever cena por cena e depois organizá-las de forma cronológica, já que o tempo da história do livro não é linear.

Sua primeira conversa com Milton Hatoum foi durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2003, e que o autor sempre se mostrou muito aberto às escolhas e decisões que a Rede Globo queria fazer à adaptação. Maria até brinca que Hatoum em nenhum momento interferiu no processo, dizendo até que se os produtores quisessem, na adaptação para a televisão a história nem precisaria ser de dois irmãos gêmeos, rs.

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As cenas foram gravadas há dois anos atrás e como o processo foi muito demorado e a roteirista não tinha muito crédito com  a emissora, querendo desistir e criar um longa metragem para o cinema, e não uma minissérie. Mas, no final, acabou acontecendo a segunda opção que está passou a ser exibida no dia 09 e contará com 10 capítulos.

Maria respondeu à pergunta de que teme sim a recepção dos leitores e fãs do livro e garante que tentou ser bastante fiel à obra de Milton Hatoum. Porém, algumas escolhas de cenas foram também de escolha do diretor Luiz Fernando Carvalho.

  • Dois Irmãos, os quadrinhos

Eu já mencionei sobre essa adaptação no post Literaturas – Encontros com autores da nova literatura brasileira: Fábio Moon & Gabriel Bá, mas quero acrescentar mais algumas informações. Os gêmeos disseram que o processo de produção da HQ durou 4 anos, se iniciando em 2010 e foi lançada em 2015. Eles levaram 2 anos para escrever o roteiro e mais 2 anos para as ilustrações, que foram feitas só pelo Gabriel Bá. Como a roteirista Maria Camargo, eles também fizeram a organização da história de forma cronológica, contando com listas de personagens, listas de lugares, plantas, animais. Os gêmeos fizeram viagem à Manaus (lugar que se passa a história) e além de contar com a página do Facebook Manaus de antigamente para ter uma noção do como era a Manaus retratada no livro.

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Os gêmeos também disseram que se preocupavam pela possibilidade da minissérie ser lançada antes da HQ, pois talvez as pessoas pudessem acreditar que a HQ foi inspirada na minissérie e não no livro de Milton Hatoum. Maria Camargo até brincou dizendo que eles estavam torcendo contra a minissérie, hahaha. Eles também disseram que o Milton em nenhum momento interferiu no processo de adaptação para os quadrinhos, e que só houve um telefonema e uma visita à casa de Milton para os gêmeos mostraram as ilustrações de cada personagem.

Preciso confessar que cometi a gafe de questionar a roteirista sobre uma determinada cena da minissérie que não tinha no livro, mas que na verdade estava sim. Mas para mim passou totalmente despercebido, rs. O legal com esse incidente foi que algumas falas interessantes acerca das adaptações, Fábio Moon, disse que uma obra varia muito de uma mídia para outra e o efeito no leitor também. A cena que para mim foi passada de forma bem rápida teve na minissérie um destaque enorme com a encenação de Juliana Paes por 4 longos minutos. Assim, Moon disse que o efeito da leitura do livro é diferente da leitura do quadrinho e muito mais diferente que assistir a minissérie da televisão que conta com mais recursos visuais que os demais meios. ❤

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Como eu já tinha autografado minha HQ em um outro evento, apenas quis registrar o momento com uma foto com os dois. À minha esquerda está o Gabriel Bá e à minha direita está o Fábio Moon ❤

  • Algumas observações de Milton Hatoum

O autor é muito humilde e elogiou muito as duas adaptações e deixou a fala para os três convidados. Ele afirmou que não poderia falar muito, porque: “eu só escrevi o livro”. Haha. Para ele, um bom roteiro só começa com um leitor de qualidade. Milton Hatoum disse que não poderia contribuir muito com o bate-papo porque escreveu o livro em 2000 e hoje estava mais voltados para outros trabalhos. Mas, ele disse que foi um momento muito difícil e complicado na sua vida durante o processo de escrita.

Sobre a HQ ele destaca o silêncios nas primeiras e últimas páginas, pois o silêncio no início sem palavras destaca a apresentação para o leitor sobre o espaço. Ele elogia muito os “meninos” e destaca as premiações que os quadrinistas receberam o prêmio Eisner, o Oscar dos quadrinhos, pela adaptação de sua obra.

Sobre a minissérie, Milton diz que há uma metáfora: a Manaus da história representa a destruição de todas as cidades brasileiras ao longo do tempo. É uma leitura do passado que faz uma leitura crítica do presente, trata de memória (memórias da infância do próprio autor), mas que não podem ser tratadas como nostalgia.

Outras falas do autor que achei muito interessante foi que para ele já existem tantos livros e que livros não devem ser publicados pela vaidade do autor, assim, um autor não deve publicar muitos livros. Ele destaca que no Brasil há bons leitores que sabem reconhecer bons romances, quando o autor está apenas “enchendo linguiça” durante a história.

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Durante a sessão de autógrafos falei com o autor que um de seus trabalhos foi com o Samuel Titan Jr, um dos meus professores do 1º Ano do Curso de Letras | FFLCH – USP, uma tradução do livro “Um coração simples” do francês Gustave Fleubert. Ainda perguntei sobre o significado do nome Yaqub e ele me indicou a dissertação de mestrado “Dois irmãos e seus precursores: um diálogo entre o romance de Milton Hatoum, a bíblia e a mitologia ameríndia” do autor Lucius Flavius de Mello publicada em 2014, não só pelo significado do nome de Yaqub, mas também dos demais personagens da história.

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Eu estou muito curiosa para conhecer as demais obras do autor e espero gostar tanto como gostei de leitura de “Dois irmãos”. ❤ ❤ 

Até o próximo post!

Camila Melo

8 Comentários

  1. Parabéns pela participação no evento!

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  2. Cah, que evento incrível! ❤

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    1. Foi maravilhoso Bia! ❤

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  3. […] Apesar de ter criado o Desafio Adaptações Literárias, eu não consegui assistir a nenhum filme, porque dediquei várias horas assistindo séries, rs. Adeus vida social! Em compensação, acompanhei a minissérie da Rede Globo“Dois irmãos”, que terá um post em breve. 😉 Fiquei muito feliz por ter participado do evento Bate-papo: “Dois irmãos” – a obra e suas adaptações de Milton Hatoum ❤ […]

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  4. […] do que eu vou dizer leva em conta o evento que pude participar Bate-papo: “Dois irmãos” – a obra e suas adaptações de Milton Hatoum, bem como a leitura do livro, obviamente, rs. Preciso esclarecer que meu conhecimento sobre cinema […]

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