Oies Bookaholics!
A primeira leitura finalizada do mês de dezembro foi bem musical: o primeiro livro da Série Cidade da Música 🙂 Eu adorei o conto “O som dos sentimentos” do livro Um Ano Inesquecível e me interessei muito em conhecer a escrita e trabalho da autora Babi Dewet!
A série é muito semelhante aos livros Anna e o Beijo Francês, Lola e o garoto da casa ao lado e Isla e o final feliz da autora Stephanie Perkins que não precisam ser lidos num ordem específica, já que em cada livro uma personagem está em foco. Tive o prazer de ir à sessão de lançamento do livro na 24ª Bienal do Livro de São Paulo 2016… Eu fui! e ter meu exemplar autografado.
Atenção: Vale lembrar que pelo livro ser do gênero Young Adult não vai agradar todo mundo, por ter uma leitura mais leve e ter seus personagens mais jovens. Mas como eu adoro livros desse tipo, foi uma experiência maravilhosa. Diga não ao preconceito literário!!! 😉
KEEP CALM: NÃO HÁ SPOILERS NESSA RESENHA!!!
DESAFIO ANUAL 52/50
- Título: Sonata em punk rock
- Autora: Babi Dewet
- Gênero: Literatura brasileira / Young Adult
- Lançamento: 2016
- Editora: Gutenberg
- 300 Páginas
- Classificação: 4/5
Sinopse: Por que alguém escolheria uma orquestra se pode ter uma banda de rock? Essa sempre foi a dúvida de Valentina Gontcharov. Entre o trabalho como gerente do mercado do bairro e as tarefas de casa, o sonho de viver de música estava, aos poucos, ficando em segundo plano. Até que, ao descobrir que tem ouvido absoluto e ser aceita na Academia Margareth Vilela, o conservatório de música mais famoso do país, a garota tem a chance de seguir uma nova vida na conhecida Cidade da Música, o lugar capaz de realizar todos os seus sonhos. No conservatório, Tim, como prefere ser chamada, terá que superar seus medos e inseguranças e provar a si mesma do que é capaz, mesmo que isso signifique dominar o tão assustador piano e abraçar de vez o seu lado de musicista clássica. Só que, para dificultar ainda mais as coisas, o arrogante e talentoso Kim cruza seu caminho de uma forma que é impossível ignorar. Em um universo completamente diferente do que estava acostumada, repleto de notas, arpejos, partituras, instrumentos e disciplina, Valentina irá mostrar ao certinho Kim que não é só ele que está precisando de um pouco de rock’n’roll, mas sim toda a Cidade da Música.
O que falar desse livro? Algumas coisas eu já esperava, como todo o fundo musical que é bem característico da autora em seus livros, o clima da Cidade da Música me lembrou muito o filme “Fama” (remake de 2009) um dos meus musicais preferidos da vida!
No primeiro livro da série conhecemos Valentina, a Tim, uma garota que é apaixonada por punk rock e tem a oportunidade de estudar na melhor faculdade de música do país: a Academia Margareth Vilela, que fica na região serrana do Rio de Janeiro. O problema de estudar nessa faculdade é ter que aceitar a ajuda do pai, o “cretino” que abandonou ela e sua mãe quando Valentina ainda era uma criança, sem se importar com as necessidades e dificuldades das duas.
“A vida é como uma orquestra: são necessários muitos instrumentos em harmonia para que a música toda faça sentido. Mas, na maioria das vezes, você nem sabe tocar esses instrumentos. E sempre vai ter alguém dizendo que seu gosto musical é ruim, mesmo que seja o som que te faz feliz. E isso é um saco! Principalmente quando se é jovem e cheio de sonhos. Às vezes, para assumir a regência de nossas vidas, precisamos trocar a partitura. Afinal, por que alguém escolheria uma orquestra se pode ter uma banda de rock?” (Pág. 11)
Outro problema para Valentina é ter que se adaptar ao ambiente totalmente novo e muito “certinho” para os seus padrões. A Academia Margareth Vilela é voltada para a música clássica, e seus alunos se comportam e se vestem à caráter, se é assim que podemos dizer, rs, em oposição à Valentina, com seus coturnos, roupas mais folgadas, maquiagem preta nos olhos e cabelos loiros descabelados. É um novo lugar, hora de sair da zona de conforto, fazer novos amigos e quem sabe viver um novo amor.
Eu me identifiquei muito com a Tim quando iniciei a faculdade de Letras, isso porque eu sou uma leitora voraz de livros contemporâneos, e lá, grande parte dos alunos arrotam não só os clássicos da literatura brasileira e portuguesa, como os clássicos da literatura francesa, russa, etc. Da mesma forma que Valentina que é apaixonada pelo punk rock e tem que conviver num ambiente totalmente contrário ao que ela está acostumada.
Kim é o galã da faculdade, coreano e é impossível não compará-lo ao namorado da autora Sung, hahaha. Porém, ele é extremamente arrogante com todo mundo, é sempre posto num pedestal onde todos o admiram e o veneram, afinal ele é o filho da dona de todo império da Academia Margareth Vilela e um grande talento do piano. A forma com que o relacionamento de Tim e Kim se desenvolve achei bem previsível, não me incomodou muito mas eu confesso que esperava um pouco mais.
Narrado em 3ª pessoa, o foco é mais centrado em Valentina, mas também há inúmeras partes em que temos o ponto de vista de Kim, e podemos então entender o que se passa a cabeça do rapaz. Momentos em que a gente fica se perguntando o porquê dele ter agido da forma que agiu rapidamente são respondidos e passamos a criar bastante empatia pela personagem.
A narrativa flui de forma muito rápida, a história é bastante envolvente (apesar de ser um clichê) e a diagramação do livro é bem tranquila. Quero destacar também a linda capa com tons de azul / roxo e o efeito de silhueta e a fonte utilizada combinaram muito.
Por alguns momentos pensei que a história estava mais ligada ao ensino médio do que à faculdade, mas a forma com que Valentina reage a um acontecimento/drama específico ao final do livro mostra o quanto a personagem tem maturidade ao lidar com algumas peças que a vida lhe impõe.
Este é um livro sobre mudanças, evolução, compreensão, amadurecimento e muita música! ❤
Apesar do foco do livro ser essa mudança de vida da personagem Valentina há alguns pontos que merecem destaque, como:
- relação entre pais e filhos: Valentina lida com a dor de ser abandonada pelo pai e a relação entre Kim e sua mãe podem até ser ser considerados uma crítica da autora;
- relacionamento homossexual: não vou falar o momento para evitar spoilers;
- sororidade: Babi faz questão de enfatizar a importância de uma relação de união entre as mulheres e não de competição, o que tornou a história de Valentina mais singular (para conhecer um pouco mais sobre essa temática confiram: Resenha | Vamos Juntas?, Por Babi Souza 😉 );
- racismo: Sarah é uma das novas amigas de Valentina e ela é negra e achei muito pertinente a forma com que a autora resolveu abordar essa temática;
“Sarah respirou fundo e contou, devagar e envergonhada, sobre sua época na escola. Contou que era a única menina negra da sala de um colégio prestigiado. Seus colegas de classe eram filhos de empresários, políticos, artistas, pessoas privilegiadas por causa da conta bancária. Ninguém entendia como ela podia estudar lá, ter dinheiro para a mensalidade. A garota vivia isolada sendo alvo de piadas sobre o cabelo crespo e volumoso, sobre a cor da pele. Sarah não entendia por que não podia ser aceita do jeito que era. Ela não tinha feito nada de errado, era vítima da crueldade alheia só por não parecer com eles fisicamente. Enquanto crescia, desenvolveu sérios problemas de autoestima. Tentava se enquadrar no padrão exigido pelos colegas, pelo círculo social de nível alto em que sua família convivia. Alisou tanto o cabelo que quase perdeu os fios de vez. Foi quando procurou ajuda médica, começou a fazer terapia e descobriu, em sites e canais do YouTube, meninas iguais a ela que passavam pelos mesmos problemas. Isso renovou suas forças e ela pôde finalmente enxergar quem realmente era. Não era fácil, às vezes ela ainda se sentia inferior. Era uma luta diária. (Págs. 105/106)
(confiram também Resenha | Quando me descobri negra, por Bianca Santana + considerações sobre a consciência negra)
No geral eu adorei o livro e estou muito curiosa para os demais livros da série, que a propósito é trilogia. Queria muito que o próximo livro fosse sobre a Sarah, adorei essa personagem e acredito que ela tem muita história para contar. ❤
Até o próximo post!
Camila Melo
Nunca li nada da Babi Dewet, e tenho muita curiosidade em conhecer a série Sábado a Noite. E depois de ler essa resenha fiquei bel curiosa com esse livro, já que amei os livros da Stephanie Perkins.
Bjuss
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Raquel eu me apaixonei pela escrita da Babi em “Um ano inesquecível” e quero muito ler SAN… Se vc amou os livros da Stephanie Perkins, com certeza vai amar “Sonata em punk rock” 😉 Bjos da Cah ❤
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[…] juntamente com a Paula Pimenta, Thalita Rebouças e Bruna Vieira. E lançou no ano passado Sonata em punk rock, o primeiro livro de sua nova série. Além de ser autora da trilogia “Sábado à […]
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[…] Confiram: Resenha | Sonata em punk rock, por Babi Dewet (Série Cidade da Música I) […]
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Amei a resenha! ❤ ❤ ❤
Beijocas!
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❤ ❤
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[…] Sonata em punk rock (Babi Dewet) Apesar de ser descrito como pai cretino, ele é um dos mais respeitáveis músicos e por sua causa Valentina consegue realizar seu grande sonho estudar na Academia Margareth Vilela, e ainda, a percepção das pessoas mudam ao saber que a garota é uma Gontcharov. Confiram mais detalhes em Resenha | Sonata em punk rock, por Babi Dewet (Série Cidade da Música I) […]
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[…] os meus cabelos: Quando me descobri negra, por Bianca Santana e a personagem Sarah do livro Sonata em punk rock, por Babi Dewet (Série Cidade da Música I), que retratavam mulheres negras que passaram por situações muito semelhantes as que eu […]
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[…] O segundo livro da série Cidade da Música, da autora Babi Dewet, que estava previsto para o ano passado, mas infelizmente não rolou. Mas está garantido que será lançado na Bienal do Livro em agosto. Para quem não sabe, o primeiro livro Sonata em punk rock foi lançado em 2016 e a resenha está disponível aqui: Resenha | Sonata em punk rock, por Babi Dewet (Série Cidade da Música I) 🙂 […]
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[…] fator essencial das histórias que se passam na Academia Margareth Vilela. O primeiro livro foi Sonata em punk rock que conta a história de Tim, e agora em Allegro em hip-hop conhecemos a bailarina Mila, ou seja, […]
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