Estereótipos? #PqNão

Oies Bookaholics! Há duas semanas o QG dos Blogueiros propôs a temática Porque Não? que consiste em analisar algo que as pessoas julgam errado e mostrar o seu ponto de vista, mostrar seus pensamentos, ir na contramão do que muitos dizem.

pq-nao

Eu pensei bastante e lembrei de uma experiência quando era adolescente: eu fui para a escola com o cabelo todo trançado, estilo rasteirinha. Um professor me olhou e disse: “finalmente você está reconhecendo suas origens!” Ele acreditou que aquilo era um elogio, mas aquilo sempre me marcou, uma hora ou outra aquela frase ecoava na minha mente.

Mas ok, por que estou falando sobre isso? Eu sou negra, não morena, negra! Durante toda a minha vida sempre ouvi frases de pessoas que queriam me classificar como negra, não que isso fosse problema para mim. Mas porque eu era obrigada a saber sambar, a gostar de rap, usar sempre meu cabelo trançado e não liso, típico da cultura afro.

É cansativo ter que justificar toda vez porque não deixo meu cabelo estilo black ou natural. E caso estejam curiosos explico: eu teria que ficar pelo menos seis meses sem nenhuma química no meu cabelo, além de cortá-lo muito curto, e eu tenho o direito de tomar as próprias decisões do meu corpo, certo?

Eu tenho muito orgulho de ser negra, e sei o quanto o racismo, como resquício da escravidão trouxe preconceitos irreparáveis na sociedade, até hoje infelizmente 😦 Nunca passei por nenhuma situação racista, mas ele existe ali, muitos fingindo que ele não existe.

É raro eu entrar em alguma loja e poder andar livremente sem nenhum vendedor atrás de mim o tempo todo, mesmo quando eu tenha falado que se precisasse de ajuda chamaria, como se estivessem preparados para me impedir de furtar algo. Ou de entrar em lojas e ver outras pessoas, no caso brancas, sendo atendidas e eu ser ignorada.

Ou melhor, ter que explicar que a Universidade de São Paulo, não tem cotas, quando escuto que só conseguir passar no vestibular por causa desse “benefício”. E já que estamos falando de Letras, tem pessoas que se assustam quando eu digo que não penso em lecionar, ou seja, dar aulas.

E sendo mulher então as coisas não mudam: você tem sempre que ser feminina, tem que saber cozinhar, não pode falar palavrão e nem gostar de nada que é considerado  “coisas de homem”. Sim, não estou exagerando. Era questionada quando adolescente, e até hoje porque não usar uma saia ou um vestido em vez de calça jeans, camiseta e tênis. Andar de salto é uma tortura para mim até hoje.

E os planos estipulados para ter uma vida perfeitamente padronizada? Você tem 26 anos e não está nem namorando? Você tem que casar logo porque senão vai ficar muito velha, gravidez é muito arriscado quanto mais velha você for, e como assim você não quer ter filhos Camila? Por que morar sozinha?

Essas são algumas experiências que fazem parte da minha vida.

Há uma expectativa em todos nós e somos moldados dentro de certos padrões específicos, seja por nossa cor de pele, idade, gênero, bairro que moramos e curso que escolhemos, somos estereotipados o tempo todo e quando não seguimos esses padrões estamos vivendo da forma errada que nos foi estipulada.

Mas independente de qualquer coisa: não somos obrigados a nada, somos livres para tomar nossas próprias decisões, podemos ser e ter o que quisermos. Depois que comecei a pensar dessa forma consigo lidar melhor com todas essa pressão, é difícil no começo, mas depois é revigorante e libertador, podem acreditar! 😉

E você? quer viver sob as expectativas alheias ou viver pelo que acredita? A escolha é unicamente sua!

Até o próximo post!

Camila Melo

13 Comentários

  1. Nossa Cah, parabéns! Me identifiquei muito com suas palavras, é tão cansativo os padrões que a sociedade impõe sejam eles diretos ou indiretos e além de triste, fico inconformada com a maneira com que as pessoas tratam as outras que são diferentes sejam por condição social, etnia, opção sexual, são julgamentos tão ridículos e que não acrescentam em nada. E convenhamos, o que seria do mundo sem as tais diferenças? Elas são fundamentais, é tão bom essa variedade de ideias e personalidades.
    Eu vivo pelo que acredito, por mais que isso me torne “estranha” perante os outros, porque afinal o que importa é ser feliz, a vida é tão curta para não ser aproveitada da melhor maneira.
    Boa noite, beijos ❤

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    1. Bia sua linda, muito obrigada! ❤ Faço minhas as suas palavras! 😉 Bjos da Cah! ❤

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  2. “não somos obrigados a nada, somos livres para tomar nossas próprias decisões, podemos ser e ter o que quisermos.” Fiquei aqui imaginando como o mundo seria um lugar melhor se todo mundo tivesse a capacidade de enxergar o que você vê! O último parágrafo do seu (ótimo) texto me tocou muito porque eu me identifiquei cem por cento! Demorei um tempo a perceber que eu era livre pra fazer as minhas escolhas e o que o resto do mundo não importava de nada, e por mais difícil que seja no começo, como você disse, é libertador! É sensacional! Parabéns pelo ótimo texto, Cá! Sempre muito talentosa com as palavras. E viva à diversidade!

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    1. Gi sua linda! ❤ Não sei nem o que dizer, não vou dizer que é fácil porque tem dias que fico numa bad profunda =/ Mas quem sabe as coisas mudem não é? Eu ainda tenho muita esperança de uma sociedade mais tolerante, diversificada e que respeite o outro como ele é. Bjos da Cah! ❤

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      1. Fácil não é, mas você não está sozinha e é maravilhosa e isso que importa ❤ Também tenho esperança! hehe Beijos Cá ❤

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  3. Cah, que texto mais lindo!!! O mundo seria um lugar maravilhoso se todos pensassem como você! Essa mania que a sociedade tem de colocar rótulos e estereótipos é muito ruim. Mulher tem que se vestir assim, deixar o cabelo assim, se portar assim… Devemos ser o que quiser! Viva a diferença!
    Beijinhos :*

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    1. Geo! Muito obrigada pelo carinho! ❤ Significa muito pra mim, de verdade! 🙂 Na vdd foi até um desabafo sabe, é tão cansativo todos esses rótulos … Mas tenho fé e esperança que as coisas mudem! 🙂 Bjos da Cah! ❤

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      1. Imagina Cah! ❤ Também tenho fé que essa realidade mude, temos que ter esperança que um dia as desigualdades sumam e todos possam viver em harmonia!
        Um beijinho ❤

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  4. […] mais determinar o juízo de valor sobre ela. É preciso acabar com os estereótipos! (confiram: Estereótipos? #PqNão) Sou a favor das cotas sim, e sabe o porquê? Porque infelizmente a sociedade não sabe lidar com […]

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  5. […] sobre literatura? Em setembro do ano passado eu fiz um post falando sobre estereótipos (confiram: Estereótipos? #PqNão) e dentre os vários exemplos que mencionei um dizia respeito aos cabelos […]

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