Resenha | Tem Alguém Aí? (Anna Walsh), de Marian Keyes

Oies Bookaholics! Mais uma resenha do projeto de (Re)Leitura: Série Família Walsh – Por Marian Keyes e após as leituras de Melancia (Claire Walsh)Férias! (Rachel Walsh) e Los Angeles (Maggie Walsh) vamos conhecer a história de Anna 🙂 Quando li em 2010, esse livro tinha sido, para mim, o melhor livro da série e após 6 anos, ele continua sendo ❤

Uma informação muito importante: por mais que façam parte de uma série, os livros não dependem um do outro, a não ser pelo tempo cronológico, já que em cada livro a história de uma irmã Walsh é contada, e as outras são apenas personagens secundárias, quase não aparecem e são apenas citadas para deixar o leitor a par de suas vidas. 

DESAFIO ANUAL: 39/50 

tem alguém aí

  • Título original: Anybody out there?
  • Autora: Marian Keyes
  • Editora: Bertrand Brasil
  • Gênero: Romance / Chick-Lit
  • Lançamento: 2009 – Lançamento Brasil: 2010
  • 602 Páginas
  • Classificação: 5/5 ❤ ❤

Sinopse: Em ‘Tem Alguém Aí?’, Marian Keyes nos conta a história de Anna, que, após sofrer um grave acidente de carro em Nova York, volta para Irlanda a fim de se recuperar ao lado da família. Contudo, após um tempo com os pais, ela decide que é hora de voltar para os Estados Unidos e reencontrar o marido Aidan, os amigos, e retomar seu emprego como relações públicas da Candy Grrrl, poderosa empresa de cosméticos. Chegando a Nova York, Anna não encontra Aidan – ele não retorna seus telefonemas, emails e mensagens de voz. O que terá acontecido com ele? ‘Tem Alguém Aí?‘ é extremamente divertido, perfeito para quem procura um livro tanto para reflexão quanto para diversão. É o quarto romance que traz como protagonista uma das irmãs Walsh: Claire, em ‘Melancia’, Rachel, em ‘Férias’, Maggie, em ‘Los Angeles’, e agora, Anna.

12 anos após a história de Claire em Melancia, Tem Alguém Aí? é um dos livros mais tocantes que Marian Keyes escreveu, e não digo só em relação à série das Irmãs Walsh, mas de todos os seus livros.

Atenção: Há spoilers nessa resenha pois não consigo escrever essa história sem comentar os aspectos que me fizeram amar. 

A personagem de Anna nos demais livros sempre foi descrita como uma mulher que vivia no mundo da lua e não tinha um emprego fixo, de repente viajava pelo mundo e ficava longe da família na Irlanda e voltava novamente de repente.

“Tudo bem, eu sei que elas viviam dizendo que eu era desligada, que eu passeava com as fadas e costumavam gritar “Alô!… Planeta Terra chamando Anna! Câmbio! E coisas do tipo, mas a verdade é que havia motivos para tal comportamento: obviamente eu não era muito conectada com a realidade. Por que deveria ser?, eu costumava me perguntar, já que a realidade não me parecia um lugar muito agradável. Toda oportunidade que eu tinha de escapar, agarrava. Costumava ler, dormir, me apaixonar e projetar casas mentalmente onde eu tinha um quarto só meu e não precisava dividir nada com Helen. Realmente eu não era uma pessoa nem um pouco prática.” (Págs. 63 e 64)

Mas as coisas começam a mudar um pouco na história de Maggie no livro, Los Angeles, e Anna parece por sua vida nos eixos, para o que a sociedade considera após se manter num emprego decente, seguro e estável. Anna resolve então estudar de vida e ares, então decide ir morar em Nova York com sua melhor amiga Jacquie. Na busca de emprego Anna passa numa entrevista para trabalhar na área de relações públicas de uma marca de produtos de beleza, sendo assistente da vice-presidência na empresa que faz o trabalho de RP para a Candy Grrrl, uma das marcas de cosméticos mais famosa do planeta, o melhor emprego do mundo.

E não por acaso, Anna tinha acesso à uma variedade incrível dos melhores produtos de beleza e cosméticos de graça, que para muitas mulheres seria um sonho, então Anna conseguia agradar à família e amigos não só com alguns produtos da Candy Grrrl mas de várias marcas. Mas poucos sabiam o quanto ela tinha que trabalhar, e não receber os créditos pelas suas ideias, além de ter que se vestir de acordo com a imagem do produto que representava, o que sugeria ser “roupas de festa” o dia todo e todos os dias.

“Precisava me manter ocupada, trabalhando sem parar, tentando passar impunemente pelos dias. Esse era o caminho.” (Pág. 232)

O fato é que nos deparamos logo de início com Anna na casa dos pais na Irlanda, com vários machucados, joelho, braços, pernas e uma cicatriz enorme em seu rosto. A princípio não fica claro o que aconteceu, mas aos poucos a autora nos revela o acidente de carro que a filha não mais desligada sofreu numa noite em Nova York. Mesmo sofrendo e chorando muito, Anna resolve voltar para a sua vida e seu trabalho, que fizeram a gratidão de não demiti-la.

“Eu não conseguiria suportar o sentimento de pena, porque, se alguém sentisse pena de mim, era sinal de que tudo aquilo realmente tinha acontecido.” (Pág. 139) 

Mas nem tudo parece estar da mesma forma, mesmo com a ajuda de sua irmã Rachel (Férias!), Luke e Jacquie, Anna não consegue dar espaço para os amigos e sua única preocupação é encontrar seu marido. Com lembranças do passado, com a perspectiva de Anna conhecemos mais de Aindan e como o relacionamento evoluiu tão rapidamente que em um ano após se conhecerem já estavam com o casamento oficializado e morando num aconchegante apartamento em Manhattan. E só pelas lembranças podemos nos apaixonar por Aindan, pelo que ele fazia por amar Anna, pelo carinho e cuidado, por ser tão engraçado e amaroso.

“Vivia me perguntando se era melhor ter amado e perdido, mas isso era uma pergunta idiota e sem sentido, porque eu não tive escolha.” (Pág. 92)

O fato é que Anna precisa lidar com uma das piores dores que uma pessoa pode enfrentar: a perda, e não é uma simples perda, é o luto 😦 Já é uma marca registrada da autora de abordar assuntos mais pesados, mas o jeito que esse tema foi abordado é de fazer chorar. 😦

“As pessoas dizem que não conseguem lidar com o fato de a morte ser tão definitiva, mas o que me incomodava e arrasava mais é que eu não sabia para onde Aindan tinha ido. Afinal, ele tinha de estar em algum lugar.” (Pág. 226)

E essa busca de Anna por Aindan é muito angustiante, a personagem está em estado de choque, não consegue aceitar a realidade que sua vida tão feliz ao lado do homem que amava se tornou, por isso, ela resolve ir em grupos espíritas e médiuns na intenção de tentar conversar de alguma forma com Aindan.

Mas por mais pesado e triste que o tema é, Marian Keyes com sua genialidade consegue colocar um tom mais leve e muito engraçado à história, a troca de e-mails entre Anna e mamãe Walsh são hilárias, além dos e-mails trocados com Helen e seu novo trabalho como detetive particular. E também durante as reuniões da sessão espírita dão vontade de gargalhar. 😉

“Eu adorava tanto ficar dentro da minha mente que estava se tornando cada vez mais difícil lidar com outras pessoas. Bem na hora em que eu pensava coisas adoráveis, sempre aparecia alguém comentando algo. Isso me puxava de volta para a versão que essas pessoas tinham da realidade. A versão na qual Aindan estava morto.” (Pág. 344)

Mas mesmo assim vemos o quanto Anna está sofrendo e tentando de alguma forma continuar sua vida, mesmo que para ela que se sentia apenas como um fantasma e não saberia ser a mesma pessoa após a morte de Aindan. Anna tem momentos de profunda tristeza, raiva, insônia e angústia.

“O tempo era o grande curador de todas as dores, diziam as pessoas. Só que eu não queria me curar, pois isso seria o mesmo que abandoná-lo.” (Pág. 311)

Com algumas reviravoltas sobre o passado de Aindan, o emprego de Anna e um casamento, Tem Alguém Aí? consegue transmitir tantos sentimentos conflitantes ao longo da leitura que é impossível se manter insensível ou fechado ao que a personagem principal está passando. É um livro de superação, de amor e de perdão, um livro que nos faz acreditar que mesmo de algo trágico podemos sim levantar do chão.

“Conhecia aquela conversa fiada de que precisamos de um ano e mais um dia para realmente sabermos, entendermos de verdade, no fundo da alma, que alguém morreu. Precisamos passar um ano inteiro sem a pessoa, a fim de vivenciar cada uma das partes da nossa vida sem ela. No meu caso, por exemplo, eu havia passado o meu aniversário, o aniversário de Aindan, o nosso aniversário de casamento e o aniversário da sua morte. Só quando tudo isso passou e eu percebi que continuava viva é que comecei a entender tudo. “ (Pág. 548)

Eu já falei mas de todos os livros da Marian Keyes esse é o meu preferido, eu adoro a forma com que a autora conduziu a história e pode conectar as personagens nos demais livros, fazendo me apaixonar cada vez mais pela família Walsh. Eu super recomendo essa leitura 😉 ❤

Estou cada vez mais empolgada e ansiosa para conhecer a autora domingo que vem, dia 28, na Bienal do Livro 2016. ❤

No mês que vêm saí o último livro da série, se não tiver nenhum imprevisto, que conta a história de Helen Walsh!

Até o próximo post!

Camila Melo 

14 Comentários

  1. Oi Camila!

    Eu não li todos da família Walsh, preciso ler esse logo, amo a Marian Keyes e a narrativa dela! Pena que não vou conseguir vê-la na bienal!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Aiii Michele é bem difícil encontrar pessoas que amem a escrita e estilo da Marian Keyes, não é? rs Sou super apaixonada por suas histórias e como eu disse na resenha, esse é o meu livro preferido ❤ Que pena que vc não conseguirá ir vê-la na Bienal 😦 Vou aproveitar bastante! Bjos da Cah! 🙂

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  2. Caramba, me deu muita vontade de ler, ainda mais que já li Los angeles. Estou lendo o best seller (vc sabe), mas a leitura tá devagar (sem muito tempo), sabe me dizer se algum dos personagens deste livro tem a ver com essa família? Não entendo muito da cronologia da Marian, leio um livro aqui outro ali, nunca li na ordem! Bjks

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    1. Que legal! Então “Um best seller para chamar de meu” é um livro independente da série das Irmãs Walsh, e não tem nenhuma relação não. A ordem cronológica da série é seguinte: Melancia, Férias!, Los Angeles, Tem alguém aí?, Chá de sumiço e o livro extra da Mamãe Walsh. Os demais são independentes mesmo, com outros personagens e histórias. 😉 Bjos da Cah! ❤

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      1. Agora entendi, tipo a sophie Kinsela com a becky bloom e os outros livros. Então da série eu já li melancia, férias e los angeles. Os outros tres vou por na lista de desejos então! hehehe bjks

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        1. Isso, exatamente! 😉

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  3. […] Marian Keyes continuou e li o 4º volume🙂 Ele continua sendo o meu favorito de todos e tem a resenha completa disponível para […]

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  4. […] Quase desmaiando de tanto calor e de emoção, finalmente conheci a Marian Keyes❤ E já vou adiantar que terá um post especial futuramente😉 A autora estava muito emocionada por estar no Brasil e pela primeira vez em São Paulo. Fazia questão de abraçar e agradecer todo mundo que estava lá. Levei meu livro preferido da autora para ser autografado: Tem Alguém Aí? ❤ […]

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  5. […] A temática do livro é muito pertinente e a autora Marian Keyes também aborda esse assunto no livro Tem Alguém Aí? 😉 […]

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  6. […] eles:  Melancia (Claire Walsh) / Férias! (Rachel Walsh) / Los Angeles (Maggie Walsh) e Tem Alguém Aí? (Anna Walsh). Eu quero muito finalizar este projeto, vamos ver se consigo ainda em janeiro de 2017, […]

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  7. […] – Tem Alguém Aí? – Anna Walsh (Marian Keyes) – Série Família Walsh […]

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