Anônimas: mulheres na literatura e no mercado editorial

Oies BOOKAHOLICS! Hoje vim falar pra vocês da minha experiência nesse evento incrível! 🙂

anônimas

“A presença de mulheres na literatura e no mercado editorial foi muito discutida em 2015. Com a criação do clube de leitura Leia Mulheres, realizado na Livraria Blooks, e do movimento KDmulheres, organizado pela ONG Casa de Lua na FLIP, o assunto ganhou ainda mais visibilidade. Pensando nisso, alunas de Editoração e Jornalismo da ECA, envolvidas na Com-Arte (editora-laboratório do curso de Editoração), resolveram trazer a discussão para dentro da universidade. Partindo da famosa frase da escritora Virginia Woolf que diz que “por muito tempo na história, ‘anônimo’ era uma mulher”, a ideia é criar um espaço no qual autoras, editoras e leitoras representem a si mesmas, protagonizando um debate que não raro vem acontecendo sem que sejamos ouvidas.”

Uma das grandes vantagens de estudar na Universidade de São Paulo, principalmente na área de humanas, é o acesso à  várias temáticas, inclusive a temática do FEMINISMO. Eu não entendia absolutamente nada do assunto e/ou tinha uma visão completamente equivocada, e a partir desse ano me interessei muito e comecei a ler e participar de alguns eventos sobre.

No dia 13 de outubro aconteceu uma mesa redonda muito enriquecedora na ECA (Escola de Comunicação e Artes – USP) promovido pela editora Com Arte dos alunos de graduação. O evento contou com a participação da Julia Bussius (Editora da Companhia das Letras) e Laura Folgueira (Autora e editora da Editora Kayá, ligada à ONG Casa de Lua), podendo trazer o ponto de vista das editoras sobre o tema das mulheres na literatura. Clara Browne que fez a mediação (estudante de Letras da FFLCH-USP e editora da Revista Capitolina) e Jarid Arraes (Cordelista e autora independente, autora do livro “As lendas de Dandara”).

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O debate foi muito bom porque pode contar com vários pontos de vista da mulher na literatura e no mercado editorial, tanto na visão das editoras (e o ambiente em que estão inseridas), das escritoras (e a dificuldade em escrever, publicar e divulgar seu trabalho) e também de nós como leitores.

Pude conhecer melhor o trabalho da Revista Capitolina desenvolvida por 120 colaboradoras e que trata de muitos assuntos ligados ao feminismo, e recentemente teve o primeiro livro publicado pela Editora Seguinte, selo da Companhia das Letras.

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Também tive contato com a hilariante Jarid Arraes, uma escritora independente, negra e militante, com muito orgulho segundo ela! Que diz que começou a escrever suas próprias histórias porque não se via retratada nos livros e revistas, mesmo escrito por mulheres, ela fugia dos “padrões” estabelecidos de beleza. Então começou a escrever personagens que retratavam a sua própria realidade, ambientes e características físicas. A autora escreve também cordéis, poesias e textos sobre o feminismo e direitos humanos (mais informações aqui).
Jarid Arraes

Uma das questões abordadas, senão a mais pertinente no debate, foi a questão da desvalorização dos livros escritos por mulheres, por serem considerados “fúteis” ou apenas como leitura de entretenimento, e claro que fiz questão de defender o meu ponto de vista a respeito dos Chick-Lits (SIM sou defensora desse gênero!) e a importância dos temas abordados principalmente pela Marian Keyes, que tem alguns de seus livros sobre assuntos nada fúteis como depressão pós-parto e depressão em geral, drogas, alcoolismo e suicídio.

Ainda foi levantada a questão da segurança, pois como os textos tanto da Revista Capitolina, como os da Jarid Arraes são publicados via internet e vão contra às ideias de muitos, elas já sofreram ameaças pelos seus pensamentos e ideias que defendem (NÃO, parece que liberdade de expressão ainda está só na teoria, principalmente para as mulheres).

O evento como foi descrito acima partiu do projeto LEIA MULHERES que é um clube de leitura para incentivar a ler mais escritoras, porque o mercado editorial ainda é muito restrito e as mulheres não tem tanta visibilidade como os homens. Quero até deixar aqui registrado um fato muito curioso e que provavelmente os fãs de Harry Potter (grande fenômeno mundial da literatura e cinema) saibam sobre sua autora Joanne Rowling:

O livro “Harry Potter e a pedra filosofal” foi publicado pela primeira vez pela Bloomsbury Children’s Books em junho de 1997, sob o nome de J.K. Rowling. O “K”, de Kathleen, nome de sua avó paterna, foi acrescentado a pedido de sua editora, que pensou que o nome de uma mulher não seria atrativo para o público-alvo de jovens garotos.” (Biografia)

Para participar desse projeto e defender essa causa,  que eu super concordo e valorizo, vou a usar #LeiaMulheres quando estiver numa leitura de autoras sejam elas clássicas ou contemporâneas, nacionais ou internacionais compartilhando e contribuindo nas redes sociais.

No evento também foram sorteados alguns livros e para minha surpresa ganhei um 🙂

livro das semelhanças É um livro de poemas da autora Ana Martins Marques, que inclusive está autografado porque minha amiga foi no evento de lançamento, que aconteceu na mesma semana e eu, infelizmente, não pude ir.

Repetindo pela quase milésima vez que o evento foi muito bom  (hahaha), as ideias levantadas e o tema fizeram meu coração arder cada vez mais pela EDITORAÇÃO. Eu estudo Letras e quero muito trabalhar com revisão, editoração e tradução de textos, principalmente em editoras, e esse evento foi um prato cheio para despertar essa vontade. Outro ponto maravilhoso em estudar na USP é a possibilidade de cursar matérias optativas em outras faculdades diferentes da sua, então SIM, vou conseguir estudar algumas matérias de editoração, assim espero! (se as matérias obrigatórias da Letras, habilitação e licenciatura deixarem, rs). ❤

Espero que tenham gostado do post e gostaria de saber se vocês conhecem e/ou o que pensam a respeito do feminismo, se tem alguma dúvida sobre ou algo a acrescentar, basta comentar! 😉

Até o próximo post!

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12 Comentários

  1. E por ironia ou não, cai um tema no Enem voltado a esse aspecto sobre a mulher. Porque ainda vivemos em uma sociedade onde o homem domina, apesar de todos os direitos já conquistados. Mulheres ganham menos, estão em menor número em altos cargos, apanham constantemente por terem menor força física, sofrem assédios morais, psicológicos e sexuais, e por aí vai a longa lista. E não distante, na literatura ocorre o mesmo. Somos sufocadas por uma sociedade que ainda nos desvalorizam. E livros escritos por mulheres não tem tanta credibilidade, como dito em uma parte, por serem visto como fúteis! Adorei sua publicação e estou me arrependendo de não ter entrado no Blog antes do Enem. rs
    Beijos!

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    1. Van! Por tudo o que você disse já percebi que você foi muito bem na redação! (depois me conte como foi nas demais provas) 🙂 Eu não entendia nada sobre o assunto mas depois que fui me aprofundando percebi como é crítica a situação das mulheres, como vc disse além de toda a questão da violência, tem a área profissional, não é só revoltante mulheres ganharem menos que homens ocupando o mesmo cargo, como também a dupla e até tripla jornada como dona de casa e mãe. Porque os homens não podem ajudar em casa também? Porque não podem fazer as funções de criar e educar os filhos? Cozinhar? É muita coisa a ser questionada dentro da nossa cultura. Obrigada pelo carinho! Bjos 😉

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      1. Não fui bem não. Não coloquei nem metade do que pretendia, até porque era mais voltado à violência 😦
        Mas não conheço a fundo todas as questões feministas, mas tenho um curto conhecimento e a partir deste, sinto como é revoltante saber que ainda os homens são colocados em categoria superior às mulheres. E a sociedade coloca vendas nos olhos fingindo não ver tudo o que acontece, como se houvesse uma igualdade ou quase de gêneros. Não há isso, em nenhuma esfera. E é difícil ter 17 anos e pensar que passarei o resto da vida lutando não só para conseguir as coisas, mas para vencer obstáculos por não ser um homem também. Se eu quiser ser uma escritora, como sonho, tenho que me esforçar duas vezes mais do que um homem teria. É vergonhoso socialmente, para ser sincera.
        (A revoltada! rs) Beijos!

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        1. Revolta! Realmente é essa palavra que define também o que eu sinto, rs. Tem que ter fé, vamos esperar a correção e o resultado da prova! 😉 É uma situação tão preocupante pq a sociedade tem uma visão muito errada do que é ser feminista, como eu também tinha). Eu acredito e luto pela igualdade de direitos, então acho que a ideia do feminismo sendo abordada e explorada já é um bom começo para começar a desmitificar o conceito e ter uma mudança mesmo. Espero viver o suficiente para ver esse quadro diferente! #Oremos #Lutemos

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          1. E eu espero o mesmo. Anseio pelo dia que as distinções e preconceitos serão extinguidos. Não se pode viver em um mundo onde sua cor, sexo ou religião determinam seu sucesso. Somos mais que estereótipos.

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          2. Muito mais que estereótipos!

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  2. Preciso de eventos desse tipo aqui, e de preferencia para todas as mulheres participar! Há muitas pressas ao “conservadorismo” que tem medo de arriscar! Mulher, consegue ser sentimentalista e guerreira ao mesmo tempo. Como isso pode ser dominado sexo frágil ainda??
    A maioria dos meus escritores favoritos são mulheres SIM! sempre colocando nos livros suas almas.
    Beijos!

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    1. Ana essa história de sexo frágil ainda existir é uma piada muito sem graça né? Mulheres tem muitas vezes até tripla jornada: trabalha fora, cuida da casa, dos filhos e de seu marido. Isso mesmo com cólicas e tpm todo mês! Somos guerreiras e precisamos da igualdade de direitos. De onde vc é? rs Posso passar alguns eventos pra vc, se quiser! 😉 Bjos

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      1. Sou de Pernambuco/Recife, bem longinho :cccc

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        1. Pooxaaaa! =/ Quando eu participar de mais eventos foi publicando aqui 😉 Bjos

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  3. […] tive o primeiro contato com esse livro numa palestra na ECA da USP e me empolguei muito para ler! É um livro que retrata bem o poder das mulheres e […]

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  4. […] BOOKAHOLICS! Desde que assisti a uma palestra na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, me interessei muito pela proposta e debate da […]

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